A reaproximação das duas principais entidades de representação da indústria paulista, a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e o Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), sinalizada recentemente em encontro de seus presidentes, já está em curso no Grande ABC.

Diretores da federação e do centro têm mantido um contato próximo depois da separação da presidência das duas instituições, e esperam intensificar esse posicionamento com o “sinal verde” dado por suas lideranças – Cláudio Vaz, presidente do Ciesp, e Paulo Skaf, presidente da Fiesp.

A avaliação dos empresários é que o acirramento político das eleições de agosto de 2004 já perdeu força e que este seria o momento ideal para novo realinhamento.

A proximidade das duas instituições no Grande ABC pode ser exemplificada pela atuação em Diadema. A representação da Fiesp na cidade, que conta com Rinaldo Dini na função de diretor-titular, tem como diretor-adjunto Ignácio Martinez, diretor-titular do Ciesp no município.

“Nós não estamos divididos. Estamos trabalhando em prol da indústria. Em Diadema, essa aproximação foi um processo natural. Logo depois das eleições, nos unimos, somos uma instituição apenas”, afirmou Dini.

Em São Caetano, apesar das entidades não contarem com esse tipo de ligação, as diretorias também mantém uma relação muito próxima. “Não há como não ficarmos próximos. Muitos diretores do Ciesp participam das atividades da Fiesp, e vice-versa. O que temos é uma atuação única da representação da indústria na cidade”, afirmou Claudio Musumeci, diretor do Ciesp em São Caetano.

O posicionamento do empresário é endossado por Fernando Trincado Simon, diretor da Fiesp na cidade, que desde sua nomeação defende a realização de trabalhos conjuntos. “Somos todos representantes da indústria e atuaremos em conjunto quando necessário.”

Para Jaime Salgueiro, diretor do Ciesp de Santo André, a reaproximação já era aguardada. “Esperamos por isso durante muito tempo. Não podemos trabalhar com nenhum tipo de divisão na indústria. A tendência é a reaproximação sob novas bases. Agora é só uma questão de tempo para esse movimento ganhar mais força.”

Alinhamento – Apesar de confirmar o movimento de alinhamento das duas entidades, o presidente do Ciesp, Cláudio Vaz, afirma que o processo será “progressivo e pontual”.

  “O que está acontecendo é que nós estamos começando a fazer algumas atividades que eram duplicadas. Agora vamos fazer isso de uma maneira coordenada, na medida em que surgirem as possibilidades e oportunidades”, afirmou.

O presidente do centro disse que a reunificação das diretorias regionais ainda não foi tema de uma negociação direta entre ele e Paulo Skaf, mas que também não se negará a discutir o assunto. “Nada foi acertado a respeito, mas já que estamos em um processo de conversação, nenhum assunto pode ser vetado.”

Fortalecimento – O processo “cirúrgico” que envolveu a separação administrativa entre Fiesp e Ciesp acabou fortalecendo-as individualmente e ampliando a atuação das duas entidades, que passaram a trabalhar em frentes distintas.

Skaf, da Fiesp, se projetou no cenário político nacional defendendo questões de interesse da indústria junto aos governos federal e estadual, por exemplo, encabeçando discussões sobre a entrada de produtos chineses no mercado brasileiro e as negociações do Brasil na rodada Doha da OMC (Organização Mundial do Comércio).

Enquanto isso, Vaz, do Ciesp, “turbinou” a agenda das 42 diretorias regionais do Ciesp espalhadas pelo interior do Estado com feiras de negócios, estímulo à criação de cooperativas de crédito e de propostas de desenvolvimento regional.