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Empresas desenvolvem coleira high-tech para animais
Paulo Basso Jr.
Do Diário do Grande ABC
26/03/2001 | 18:32
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No início deste mês, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) adotou uma instrução normativa que obriga os zoológicos e criadores comerciais, conservacionistas e científicos de animais da fauna silvestre a identificar com um chip todas as espécimes que mantêm. O objetivo é armazenar informações sobre os animais, além de combater a circulação de espécimes traficadas.

A informática como método de rastreamento também está prestes a ser adotada na Califórnia, Estados Unidos, onde o Senado discute um projeto de lei que exige a implantação de microchips em cães e gatos, de modo a evitar o sacrifício dos animais perdidos e não-identificados nos abrigos do Estado.

No Brasil, algumas empresas já fornecem a tecnologia para aplicação e monitoramento de microchips para animais. Um exemplo é a D4 Identificação Animal, de Americana (SP), representante da Destron Fearing, um dos principais fabricantes de dipositivos eletrônicos para animais do mundo.

O equipamento distribuído pela D4 é basicamente igual aos demais fabricados de acordo com as normas técnicas ISO. O menor atualmente disponível no mercado tem o tamanho de um grão de arroz, medindo 11 mm x 2 mm. Trata-se de uma cápsula de vidro cirúrgico, batizada de transponder, composta por três componentes: um chip de computador (circuito integrado personalizado), que traz um número de identificação exclusivo e inalterável; uma bobina de fio de cobre enrolada em volta de um núcleo de ferro, formando uma espécie de antena; e um capacitor, usado para sintonia. A cápsula conta com uma tecnologia anti-migratória, que forma um fibroma (tecido animal que “cola” no dispositivo e impede seu deslocamento), comum em cães e gatos.

Devido ao seu reduzido tamanho, o transponder pode ser injetado nos animais com uma seringa. Em média, os veterinários cobram R$ 40 pela aplicação. Após injetado, o aparelho permanece passivo com o animal por toda a sua vida. Seu código só pode ser identificado por um leitor eletrônico, que utiliza freqüência de rádio RFID para se conectar à antena receptora do microchip. Atualmente, a freqüência utilizada pela maioria dos leitores de identificação de dispositivos instalados em animais é 134 kHz. Até algum tempo atrás, o limite era 125 kHz.

Conhecer a freqüência dos scanners é fundamental aos veterinários e outros profissionais que trabalham com animais. Isso porque os aparelhos de 134 kHz com identificação normativa (ISO 11.784/85) lêem quase todos os chips regulamentados do mercado, enquanto os de 125 kHz identificam apenas alguns transponders. “O leitor da D4 identifica nossos chips e de outros fabricantes, permitindo um rastreamento universal”, explica o diretor comercial da empresa, José Carlos Padovani.

Para que os animais possam ser rastreados, a D4, assim como os principais fabricantes e distribuidores de transponders, oferece um serviço on-line de banco de dados para os criadores, zôos, veterinários e associações de animais, com o número de identificação e os dados particulares de todas as espécimes registradas. “Mantemos também informações sobre os proprietários dos animais, que são protegidas contra invasões e só são acessadas por nós”, explica Padovani. Assim, quando alguém identifica o código de um animal perdido, basta entrar em contato com a empresa para que ela informe o dono.

Segundo a veterinária Ana Paula Vieira da Costa, de São Bernardo, a aplicação de microchips em animais é uma prática saudável. “O aparelho não é prejudicial à saúde e pode evitar que muitos bichos perdidos sejam sacrificados”, ressalta. “No entanto, ao menos no Brasil, antes de se pensar em rastreamento, os proprietários de animais devem se preocupar com a aplicação das vacinas básicas, o que nem sempre ocorre”, finaliza Ana Paula.




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