Cultura & Lazer Titulo
Conversa amigável
Thiago Mariano
Do Diário do Grande ABC
10/10/2009 | 07:00
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Divulgação


Conversas verdadeiramente amigáveis são sempre seguidas por conselhos. Algumas acabam em risadas e outras em discussões. Isso, os amigos dizem, é porque se importam e querem o melhor para o outro.

É no clima afetuoso, de diálogo e aconselhamento, que Juca de Oliveira traz Happy Hour, hoje e amanhã, ao Teatro Paulo Machado de Carvalho, em São Caetano.

Sozinho no palco, que remonta a uma mesa de bar, Juca dialoga com o público sobre temas cotidianos, políticos e comportamentais.

O espetáculo, com direção de Jô Soares e texto do próprio Juca, já nasceu em clima de confraternização. "O Jô, por acaso, leu algumas das minhas anotações. Depois, acabei fazendo uma leitura dos textos para os amigos, entre eles o Marcos Caruso, a Irene Ravache e a Maria Adelaide Amaral, e me empolguei em montar a peça", conta o ator e dramaturgo.

Hoje, orientado por Jô, Juca faz questão de distinguir o conceito de monólogo com espetáculo-solo. "O primeiro é o ator, sozinho no palco, mas interpretando um personagem de ficção. No segundo, é o artista, agindo só, também, mas falando sobre suas próprias ideias."

A dinâmica da peça permite a sua renovação. Sempre atualizado, Juca acaba acrescentando algo recém-acontecido, para apimentar as apresentações.

Cada novo escândalo político, a degradação ambiental, as tendências de comportamento, os relacionamentos sexuais - tudo ganha ares atuais no texto de Juca, além da sua visão crítica.

O desafio de não se ater ao texto, para o artista, torna a missão mais saborosa: "Eu sempre falava pelos personagens. Hoje, sendo eu mesmo no palco, tenho a oportunidade de conversar com o espectador que acompanha a minha carreira há mais de 50 anos", ressalta.

INTERAÇÃO - "O estabelecimento da conversa se dá pela empatia. Ficamos todos ligados", conta Juca, que se surpreende com a reação da plateia: "Os aplausos são de dois em dois minutos. A plateia fica muito ruidosa. Um dia, uma mulher, do fundo do teatro, gritou que voltaria a beber", diz o artista, fazendo alusão ao momento da peça em que comenta sobre os que deixaram de beber e analisar a tristeza que é largar o álcool quando existe a necessidade de beber para suportar a vida atual.

O clima de papo entre velhos amigos chega ao fim da peça. "O público se sente gratificado por você estar fazendo críticas sobre coisas que o incomodam. Essas pessoas se sentem felizes, afetadas, por alguém que está falando por eles", garante Juca, que comumente pega os retardatários, na porta do teatro, ao fim do espetáculo, para alongar a amizade.

Happy Hour - Teatro. No Teatro Paulo Machado de Carvalho - Alameda Conde de Porto Alegre, 840. Tel.: 4220-3924. Hoje, às 21h; amanhã, às 19h. Ingr.: R$ 50.




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