A moda do reality show chegou às telonas. Em Showtime (Idem, EUA, 2002), filme de Tom Dey que estréia nesta quinta na região e circuito, a câmera indiscreta persegue dois policiais na rotina diária de combate à criminalidade nas ruas de Nova York. A ação acontece, mas com muito humor. Tudo porque a dupla, improvável, é formada por Robert De Niro e Eddie Murphy. E, analisado deste ponto de vista, a comparação com a série Máquina Mortífera, protagonizada por Mel Gibson e Danny Glover, é inevitável.

Realmente, os filmes são semelhantes em alguns aspectos e atraem o mesmo público. Mas a idéia central de Showtime começou a ser desenvolvida pelo produtor Jorge Saralegui quando ele assistiu a Los Angeles – Cidade Proibida. O personagem de Kevin Spacey, o detetive Jack Vincennes, que serviu de consultor técnico de uma série policial, era um tira amigável com a mídia. Para Saralegui, nos tempos atuais, um sujeito assim só poderia ser protagonista de um reality show. Coincidentemente, o mesmo tipo aparece em uma das estréias desta quinta, fazendo uma ponta – é o capitão Monroe (Ray Liotta), de Um Ato de Coragem, que está mais preocupado em acenar para a TV do que em resolver o problema de Denzel Washington.

E não é que o próprio De Niro também já fez um papel assim? Em 15 Minutos, como Eddie Fleming, um policial cultuado pela população de Nova York, que namora uma repórter de TV. Mas voltando a Showtime, o tira que não economiza sorrisos para as câmeras é o patrulheiro Trey (Murphy), um ator frustrado que sonha em participar de uma série de TV sobre policiais. Do outro lado da história está o turrão Mitch, detetive veterano de poucos amigos. E De Niro faz sua pós-graduação em bichos-do-mato no cinema.

Mitch e Trey são obrigados a formar uma dupla quando os dois esbarram em uma investigação. O primeiro tenta esclarecer o caso complicado, e o segundo mete os pés pelas mãos. Para se redimir com uma emissora de TV (e não tomar um processo), Mitch passa a protagonizar um reality show tendo como parceiro o tagarela Trey. Tudo coordenado pela produtora Chaze (Rene Russo), que transforma a vida de Mitch em um inferno.

Se não desenvolve nenhuma nova tese sobre os reality shows, Showtime faz sua função de blockbuster e diverte o público – apesar da má vontade em atuar de De Niro, que se tornou evidente nos últimos filmes protagonizados por ele.