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O desemprego sob a ótica de Plínio Marcos
Mauro Fernando
Do Diário do Grande ABC
19/09/2002 | 20:00
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O desemprego, um assunto bastante contemporâneo para uma obra de arte. Plínio Marcos (1935-1999) montou Quando as Máquinas Param em 1971, no Sindicato dos Têxteis, em São Paulo, para demonstrar o quanto há de popular no texto.

O diretor Joaquim Goulartt estreou sua versão para Quando as Máquinas Param no ano passado, com Cácia Goulart e Edmilson Cordeiro nos papéis de Nina e Zé, casal que vê sua relação ruir quando ela engravida e ele perde o emprego. O espetáculo chega nesta sexta ao Grande ABC, para apresentação única no Teatro Municipal de Santo André.

O tema é, no mínimo, adequado para o nosso aqui e agora, tempo de globalização, de economia sufocada. Ainda mais pelo tratamento que a poética que Plínio dá a ele, um retrato da miséria humana temperada por injustiças sociais, com personagens que abdicam de qualquer vestígio de autocomplacência. É cruel. É virulento. É Plínio Marcos. Como ele mesmo dizia, suas peças não são atuais, o Brasil é que não muda.

Goulartt elegeu como cenário um monolito cinza, uma lápide, metáfora para personagens acabados perante a realidade social que os excluiu, os levou para a margem. No início da peça, tudo vai bem entre o casal. Zé trabalha e joga bola, Nina cuida da casa e ainda reforça o orçamento doméstico como costureira, o aluguel está em dia.

A situação se degrada quando ele é despedido e ela engravida. Como criar um filho nessa conjuntura?, Zé questiona. Até para arrumar outro emprego ele é submetido a humilhações. É interessante notar que o relacionamento deles desmorona até um desfecho trágico ao mesmo tempo em que a condição social deles desce até a sarjeta.

Quando as Máquinas Param – Teatro. Drama. De Plínio Marcos. Direção de Joaquim Goulartt. Com Cácia Goulart e Edmilson Cordeiro. Sexta, às 21h. No Teatro Municipal de Santo André – Paço Municipal, s/nº. Tel.: 4433-0789. Ingr.: R$ 10.




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