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Mauá é a primeira cidade da região com caso confirmado da variante delta

Cepa é considerada de atenção pelas autoridades sanitárias devido a possibilidade de aumento de transmissibilidade ou gravidade de infecção

Daniel Tossato
Do Diário do Grande ABC
09/09/2021 | 16:42
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Divulgação


Atualizada às 22h53

O governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Saúde, detectou o primeiro caso confirmado da variante delta da Covid-19 no Grande ABC. Trata-se de um morador de Mauá, que não teve a idade revelada nem qual é o seu estado de saúde.

O Diário teve acesso a documento da Secretaria Estadual de Saúde que reúne todos os municípios em que há casos confirmados de variante delta do novo coronavírus. A cepa é considerada de atenção pelas autoridades sanitárias devido a possibilidade de aumento de transmissibilidade ou gravidade de infecção.
Conforme o Estado, o CVE (Centro de Vigilância Epidemiológica) identificou, até 8 de setembro, três casos autóctones da variante beta (identificada pela primeira vez na África do Sul), 36 da alpha (originária do Reino Unido), 1.409 da delta (descoberta na Índia) e 2.050 da variante gamma (identificada em Manaus).

De acordo com o levantamento da Secretaria Estadual de Saúde, a Capital é a cidade com maior número de casos identificados da variante delta, com 405, seguida de Itapevi, com 26. No total, 85 cidades constam na lista.

Conforme o professor da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) e médico infectologista Olavo Leite, a variante delta traz preocupação por ter alta transmissibilidade, mas que seu controle pode ser feito por meio da vacinação da população. Para o especialista, quanto mais pessoas imunizadas, menor é a chance da variante ser transmitida.

“Claro que a variante delta traz preocupação e liga um alarme, mas acredito que há dois pontos a serem seguidos a fim de evitar a transmissão da cepa: intensificar a vacinação, principalmente de pessoas que ainda não receberam nem a primeira dose e reforçar as medidas de distanciamento”, declarou o infectologista.

A variante delta se tornou a dominante no Estado do Rio de Janeiro. Dos casos analisados pela SVAPS (Subsecretaria de Vigilância e Atenção Primária à Saúde), 89,1% das amostras eram desta cepa. O restante das amostras, 10,8% eram da variante gamma. Foram coletadas e analisadas 370 amostras entre os dias 4 e 16 de agosto deste ano.

Em Mauá, desde o início da pandemia 33.692 já foram infectados pela Covid-19. Destes, 1.515 perderam à vida para o novo coronavírus, o que equivale a 4,5%. O município foi pioneiro em elaborar projeto de carro da vacinação, espécie de posto itinerante que percorre a cidade para imunizar os moradores.

A Prefeitura, entretanto, informou que a informação do Estado está errada e que foi avisada pelo CVE  de que o caso apontado para a cidade seria, na verdade, de Franco da Rocha. O Diário questionou o governo do Estado, que ratificou a informação de que o caso é de Mauá, mas esclareceu que possíveis correções podem acontecer. “Todo caso delta, assim como variantes de atenção, é notificado ao município de origem, passa por investigação das equipes técnicas e eventuais atualizações podem ocorrer se e quando necessário”, declarou o Estado, por meio de nota.

DPU questiona vacinação na cidade

A DPU (Defensoria Pública da União) notificou, ontem, a Prefeitura de Mauá sobre as estratégias adotadas pelo Executivo na vacinação contra a Covid na cidade. O órgão atendeu a pedido de munícipes que alegam que a administração não é transparente na divulgação dos dados relacionados à vacinação. A DPU destaca que a Prefeitura teria divulgado dados inverídicos nas redes sociais.

 “Chegou ao conhecimento desta Defensoria, através de relatos de munícipes, inquietações descrevendo a falta de transparência da Prefeitura de Mauá em relação aos dados da vacinação e também questionando o plano de vacinação da cidade. Relatou-se a divulgação de dados inverídicos através das redes sociais da Prefeitura em relação a porcentagem de vacinados e a quantidade de doses de vacinas contra a Covid recebidas pelo município”, alega a entidade em documento assinado pelo defensor público federal João Paulo Dorini. 

 A DPU elaborou quatro questionamentos enviados à Secretaria de Saúde da cidade e deu prazo de cinco dias para que a administração responda. Dentre as perguntas, a entidade quer saber qual é o exato número de pessoas acima de 18 anos que já foram imunizadas, além de informações sobre o plano de vacinação e políticas públicas para a proteção da população de rua, baixa renda e das periferias.

 O documento elaborado pela Defensoria leva em consideração dados compartilhados pelo munícipe Mateus Prado, que atua como educador e que alega que a administração tem falhado em vacinar, principalmente, a camada mais pobre da cidade. “A política aplicada por Mauá, na vacinação, não considera a territorialidade. E nega a própria ciência”, sustenta o morador.

 “Recebemos com surpresa o ofício da DPU, tendo em vista o avanço da vacinação na cidade e as quedas nos índices relacionados à Covid – temos apenas quatro pessoas ocupando leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiava) pela infecção. Todos os esclarecimentos serão prestados no prazo solicitado”, afirmou a Prefeitura, em nota. 




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