O primeiro acesso a torcida nunca esquece. Fiéis e antigos torcedores do Santo André vivem, há 20 anos, a lembrança da festa de 1º de dezembro de 1981, que levou a equipe à divisão principal, na qual permaneceu 13 temporadas ininterruptas. A qualquer movimento que se faça sobre a história do clube, o título de 1981 tem um lugar especial. É como o Santos bicampeão mundial interclubes, a Academia do Palmeiras, o Corinthians de 1977 e o São Paulo de 1992 e 1993.

Foi um campeonato difícil, mas o Santo André, com a visão empreendedora de seu ex-presidente Breno Manoel Gonçalves, que morreu no dia 16 de maio, após o jogo com o Juventus, na Rua Javari, facilitou o caminho da vitória. Não sem razão o próprio Breno foi denominado, daquela ocasião em diante, de O Marechal da Vitória.

Para chegar à final estadual, o Santo André precisou ganhar o primeiro turno regional. Os obstáculos foram muitos, tanto que a vaga foi obtida somente na última rodada e aos 51 minutos do segundo tempo, num clássico regional contra o Saad. O gol da vitória por 1 a 0 foi marcado pelo ex-atacante Lance, campeão de 1977 pelo Corinthians, e que nos anos 80 seria técnico e supervisor do próprio Santo André. O empate de 1 a 1 parecia ser o resultado final, o que daria a classificação ao Rio Branco. Mas aos 51 minutos, Lance fez o gol que levou a torcida ao delírio a ponto de derrubar parte do alambrado do então estádio Lauro Gomes, hoje Anacleto Campanella (Lauro Gomes se tornou o nome do complexo esportivo do local). No banco, um nome famoso: Dalmo Gaspar, autor do gol de pênalti do Santos contra o Milan, em 1962, no Maracanã, na conquista do bicampeonato mundial de clubes.

Acesso – O começo do segundo turno foi oscilante, em parte por causa da classificação antecipada. A partir de uma derrota por 3 a 0 para o Bragantino, no Bruno Daniel, e da chegada do técnico Sebastião Lapola, tudo se transformou. Uma frase do próprio Lapola – “quem ganhou, ganhou; quem não ganhou, não ganha mais” – deu a dimensão do que seria o desfecho vitorioso.

Na final regional, no Parque Antártica, o Santo André eliminou o hoje extinto Paulista, de Jundiaí, substituído pelo Etti, que também subiu ontem. Na decisão estadual, sempre com o Parque Antártica tomado pelos torcedores do Grande ABC, a consagração diante do XV. Após o terceiro jogo, com a vitória por 3 a 1, foi só festa, e um time que ficou na memória da torcida: Tonho; Zé Carlos, Tutu, Rubão e Dodô; Soni, Piorra e Arnaldo; Paulo Borges, Lance e Da Silva, além de outros nomes que viraram verdadeiros ídolos, como o goleiro Milton, o lateral Arnaldo Fernandes, o zagueiro Albano, o volante Fernandinho, o meia Bona e o atacante Freitas, entre outros. — DG