Prédios de tijolo à vista com logotipos de conglomerados do porte de uma extinta IRFM (Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo) convivem com esqueletos de galpões e as ilegíveis siglas que demarcam os territórios alcançados pelas gangues de pichadores. Para quem embarca em Rio Grande da Serra, a sensação é de deixar o meio rural em direção à cidade grande.
Elizabeth Dejaille, 49 anos, passa diariamente entre duas horas e meia a três nos trens que cortam a Grande São Paulo. Há 30 anos a rotina de Elizabeth inclui os trilhos de trem entre Ermelino Matarazo (zona Leste de São Paulo) e as estações do Ipiranga e São Caetano. Escolada no dia-a-dia dos trens, ela afirma que já enfrentou assaltos, individuais e coletivos nos arrastões, quedas e outros contratempos, mas não troca as composições de vagões por outro meio de transporte, como ônibus e lotações.
A monotonia nas viagens de trem da CPTM ficam por conta dos cenários e da trilha musical, que passa meses sem ser alterada. “Além de mais barato, de trem eu gasto menos tempo para ir e voltar do trabalho”, afirma. A passagem do trem custa R$ 1,25 e a do ônibus, R$ 1,40.
Embarcar e descer nas estações do Brás, Mauá e Santo André são os principais obstáculos apontados pelos usuários que enfrentam a corrida diária na linha D, principalmente nos horários de pico, no início da manhã e fim da tarde.
Entrar ou sair dos vagões dos trens espanhóis nas plataformas de Mauá, Santo André e Brás, onde desembocam outras linhas da CPTM e passageiros que usam a linha 3 do Metrô (Barra Funda/Itaquera), nem sempre é fácil. Quem não consegue, enfrenta o intervalo entre uma composição e outra, que pode passar dos 20 minutos desde a implementação do racionamento de energia elétrica.
Trabalhadores e estudantes que moram no Grande ABC e pessoas de outras áreas da Grande São Paulo que trabalham ou estudam na região compõem o perfil da maioria dos usuários da linha D. O valor da passagem e o tempo de viagem, na maior parte das vezes, são apontados como os principais atrativos para a utilização do trem. Mesmo com atrasos e obras, uma viagem de trem entre São Paulo e o Grande ABC costuma ser mais rápida do que de ônibus ou carro. A superlotação e as dificuldades de embarque e de acomodação nos horários de pico estão entre os vilões de quem procura evitar o trem.
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