Economia Titulo
Racionamento deixa eletros em baixa
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
23/06/2001 | 18:20
Compartilhar notícia


O racionamento de energia, aliado a condições desfavoráveis no exterior, por conta da crise argentina, prejudicou as vendas de empresas do setor eletroeletrônico instaladas no Grande ABC. De acordo com os executivos do segmento, houve retração na demanda, como reflexo da alta dos custos e queda na produção dos clientes e em função das incertezas no mercado.

A Fascitec, especializada em automação industrial de São Bernardo, teve no mês passado retração de 30% em relação ao mês anterior. “O racionamento interferiu na decisão das empresas de realizar projetos novos”, afirmou o consultor técnico José Fascini Filho. Além da queda na receita, a companhia teve retração na margem de lucro, por conta da alta do dólar. A Fascitec utiliza componentes importados nos painéis que comercializa.

A Conexel, que produz conectores, tomadas e ainda realiza projetos de automação, também registra retração nas encomendas. “Há muitas empresas preocupadas com o racionamento. O mercado está parado, é preciso estabilidade para se poder trabalhar”, disse o assessor de diretoria, Luiz Lucas Castelo Branco. Ele não revelou projeções, mas afirmou que a empresa continua com metas de crescimento para este ano, embora “sem euforia”.

Fabricante de geradores de grande porte para hidrelétricas e termelétricas, a Toshiba do Brasil, de São Bernardo, também teve alta nos custos de suas matérias-primas, como aço e cobre, cotados em dólar no mercado internacional. De acordo com o superintendente comercial, Dieickson Barbosa, as metas de racionamento não afetaram a produção. “Mas sentimos um desaquecimento.” As exportações da empresa correspondem a 35% da receita e, segundo ele, o dólar alto pode até ajudar no médio prazo.

Para o vice-presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Sérgio Galdieri, os números mostram que mesmo com a disparada do dólar, não tem se evitado um forte déficit na balança comercial do setor.

As exportações nessa área tiveram queda em abril (últimos números disponíveis) de 12,9% ante março. No acumulado do ano (janeiro-abril), somaram US$ 1,34 bilhão, acréscimo de 5,5% ante o mesmo período de 2000. As importações totalizaram US$ 4,54 bilhões, 39,1% acima na comparação com o ano passado. Mobilização – As associações da indústria eletroeletrônica se mobilizaram na última semana para reverter intenções do governo de antecipar as reduções de tarifas de importação de componentes eletrônicos, com a Tarifa Externa Comum (TEC), que era prevista para entrar em vigor em 2006.

Para isso, enviaram um manifesto de repúdio à mudança. “Isso desestimula novos investimentos no país”, afirmou o presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), Paulo Saab. “Com a antecipação, corremos o risco de perder postos de trabalho”, afirmou Galdieri.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;