Ou seja, o filme de Guimarães repetiu o feito de O Prisioneiro da Grade de Ferro no ano passado. Tal qual o documentário do andreense Paulo Sacramento em 2003, A Alma do Osso levou neste domingo tanto o prêmio da Competição Brasileira como o da Internacional, láureas concedidas por dois júris oficiais distintos e independentes. Além dos troféus de ambas categorias e dos R$ 14 mil em prêmios, ao longa também foi dado o Prêmio Quanta, com outros R$ 5 mil em equipamentos.
A Alma do Osso faz um registro da solidão, do homem insociável. O diretor retrata a vida do aposentado Domingos Albino Ferreira, vulgo Dominguinhos da Pedra – é um eremita, recluso há 41 anos, isolado por sua conta do mundo e refugiado em cavernas no interior de Minas Gerais. Na avaliação do júri, não só o tema e seu tratamento pelo cineasta são merecedores de aplausos, mas também o cuidado de Guimarães para não escapar aos requintes do documentário como suporte de inovações da linguagem, assim obtendo uma “altamente refinada estética pessoal”.
Enquanto A Alma do Osso repercutiu muito bem entre os longas-metragens, o curta Abry, dirigido por Joel Pizzini e Paloma Rocha, marcou território em sua respectiva categoria. Lúcia Rocha, mãe do cineasta-ícone-mártir Glauber (1939-1982), é objeto do retrato que fez Paloma (filha de Glauber) e Pizzini (co-responsável pelo restauro das obras do diretor de Terra em Transe) levarem a melhor na Competição Brasileira de curtas, além de uma menção honrosa.
Abry e A Alma do Osso só não dominaram premiações paralelas, como a do Ministério da Cultura de estímulo a diretores. Foram três os contemplados nesta seara: Jefferson De (pelo curta Carolina); Lucas Bambozzi (pelo longa Do Outro Lado do Rio); e Carlos Nader (por Preto e Branco, também longa-metragem). Também paralelamente, foram homenageados Angélica Del Nery – cujo curta Livro para Manuelzão ganhou prêmio da TV Cultura – e a dupla Alessandro Gomes e Luís Rocha Melo, que teve O Galante Rei da Boca laureado pela Associação Brasileira de Documentaristas.
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