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Metade morre de Aids por saber tarde
Bruna Gonçalves
Do Diário do Grande ABC
01/12/2010 | 07:25
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Metade das mortes por Aids registradas no Estado está relacionada ao diagnóstico tardio da infecção pelo vírus HIV. O levantamento foi feito pela Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo.

No Grande ABC, de 1980 a 2009, foram registrados cerca de 9.500 casos da doença. O número de óbitos em decorrência da Aids é de 4.647, entre 1990 e 2008.

No Dia Mundial de Luta Contra Aids, celebrado hoje, o desafio ainda é a divulgação sobre a doença. "As pessoas precisam ter conhecimento de que quanto mais rápido for feito o diagnóstico melhor será o efeito do tratamento. Só assim teremos diminuição da mortalidade", avaliou o coordenador adjunto do Programa Estadual de DST/Aids, Artur Kalichman.

A campanha Fique Sabendo 2010, organizada pela Secretaria Estadual de Saúde e que oferece testes gratuitos, termina hoje. As prefeituras de Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema e Ribeirão Pires informaram que já foram realizados cerca de 4.800 exames. A Prefeitura de Mauá não informou o número e Rio Grande da Serra não participou.

O número de pessoas diagnosticadas com Aids na região caiu de 540, em 2000, para 184 em 2008, queda de 65%. O número de mortes foi de 188, em 1990, para 151 em 2008 (19,7%).

"O que está acontecendo é uma discreta redução no número de pacientes infectados, devido ao acesso aos medicamentos e ao diagnóstico. Relatório divulgado pela Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids) indica que houve queda de 20% em novas infecções de HIV nos últimos anos", ressalta o professor titular de Infectologia da Faculdade de Medicina ABC, Hélio Vasconcellos Lopes.

Para Lopes, são vários fatores que fazem com que a população não realize os testes gratuitos. "Geralmente as pessoas acreditam que não correm riscos, além de terem medo", pontuou o especialista. "As campanhas devem começar cedo, ainda na escola", defendeu.

 

EXAME

Os interessados em fazer os exames de HIV (confira os locais abaixo) podem optar pelo teste rápido, feito por meio de punção digital - semelhante à medição de glicemia. Oresultado sai em aproximadamente 15 minutos.

Há também o teste convencional, feito após coleta de sangue. A amostra é enviada a laboratório e o resultado fica pronto entre uma semana e dez dias.

Segundo Lopes, a pessoa infectada que está sob controle médico e toma medicamentos corretamente tem perspectiva de vida semelhante a de uma pessoa saudável. "Do total de pessoas infectadas, entre 10% e 15% encontram algumas dificuldades, por exemplo, se o vírus for resistente aos medicamentos ou se o paciente não seguir o tratamento corretamente."

 

Cresce contágio entre homens que fazem sexo com homens

 

De acordo com o coordenador adjunto do Programa Estadual de DST/Aids, Artur Kalichman, houve aumento de 28%, entre 2007 e 2008, no número de casos de contaminação por HIV entre homens que fazem sexo com homens.

Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, desde 1980, entre os 120.927 casos de Aids notificados em homens, 34.055, ou 28,2%, ocorreram em homens que fazem sexo com homens. Na última década esse número cresceu de 24,1%.

"Em 2008 foram registrados 871 e em 2007, 776. Pesquisas indicam que homens que fazem sexo com homens têm 10% de chance de encontrar parceiro infectado. Esses dados apontam para necessidade de discutir e expandir as estratégias de prevenção da infecção pelo HIV entre gays, homens que fazem sexo com homens, além de usuários de drogas e profissionais do sexo", avaliou.

 

CONSCIENTIZAÇÃO

 

O presidente da ONG ABCD'S (Ação Brotar pela Cidadania e Diversidade Sexual), Marcelo Gil, acredita que as prefeituras cumprem sua parte, mas falta a conscientização dos homens. "Homens que fazem sexo com homens são mais vulneráveis do que os homossexuais assumidos. Os gays têm mais diálogo dentro da relação. As campanhas e divulgações estão aí, assim como os serviços estão disponíveis, mas falta o encorajamento de fazer o exame. Acredito que tenham medo, mas para que isso não aconteça é só se prevenir e usar preservativo", afirmou Gil.

Para o presidente da ABCD'S, a distribuição de preservativos e de material explicativo contribuem para que os casos diminuam na região.

 

Grande ABC realiza caminhada e entrega de camisinha e informativo

 

Diversas atividades marcam o Dia Mundial de Luta Contra a Aids na região. Em Santo André as ações ocorrem hoje, das 10h às 16h, no Terminal Vila Luzita e no Calçadão da Rua Coronel Oliveira Lima. Nos locais serão distribuídos materiais e preservativos.

Em São Caetano haverá tenda da prevenção em parceria com o Programa Saúde da Família para divulgação de materiais e preservativos em frente à Igreja Matriz (Praça Cardeal Arcoverde), Conjuv (Rua Serafim Constanstino, piso superior do módulo 2 do Terminal Rodoviário Nicolau Delic). À tarde terá blitz da prevenção na Avenida Goiás com distribuição de preservativos.

São Bernardo realiza caminhada, às 13h, da Praça Lauro Gomes, no Centro, até o Parque da Juventude Cittá di Maróstica, em frente ao Paço. No trajeto serão distribuídos preservativos masculinos e informativos. No Parque, terá atrações musicais, performance teatral e apresentação de dança.

A partir das 10h30, haverá distribuição de folhetos, cartazes e preservativos na Praça Central de Ribeirão Pires. No mesmo local, às 19h, está programada a apresentação do cantor Luiz Grande. As prefeituras de Mauá e Rio Grande da Serra não informaram a programação.




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