Antes de ficar conhecido com o marido (e agora ex) de Madonna, Guy Ritchie se destacou como diretor de cinema com filmes como "Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes" (1998) e "Snatch - Porcos e Diamantes" (2000). A fórmula de seu sucesso segue a linha: uma edição ao estilo videoclipe, um roteiro bem amarrado, anti-heróis carismáticos e uma boa trilha sonora.

Depois de passar a maior parte da década à sombra de Madonna, Ritchie reaviva sua carreira como diretor com "Rocknrolla - a Grande Roubada", que estréia nesta sexta-feira nas salas de São Paulo, após ser exibido na 32ª Mostra Internacional de Cinema. O filme traz todos os fatores que o fizeram conhecido, o que pode soar repetitivo, mas funciona.

Na trama, Tom Wilkinson ("Conduta de Risco") é Lenny Cole, chefe do crime organizado em Londres e de um grupo de ladrões que inclui o malandro One Two (Gerald Butler, de "300"), o anti-herói charmoso da história. Na tentativa de se manter no topo, Lenny se envolve com a máfia russa que está chegando na cidade, comandada pelo rico Uri Omovich (Karel Roden), que o procura para adentrar o lucrativo ramo imobiliário da capital inglesa.

Para selar a negociação, Uri empresta um quadro que lhe dá sorte a Lenny, mas o objeto é roubado pelo enteado do chefão, o roqueiro drogado Johnny Quid (Tonby Kebbell, que remete à figura de Peter Doherty). Ao mesmo tempo, o dinheiro que o russo planejava investir também é levado.

Enquanto os peixes grandes se entendem, One Two e seus colegas de ‘trabalho' Mumbles (Idris Elba) e Handsome Bob (Tom Hardy) vão comendo pelas beiradas, com um golpe aqui, outro ali, ajudados pela contadora Stella (Thandie Newton), que se envolveu com o crime organizado porque estava entediada com a própria vida. Todas essas situações vão convergir ao longo da história.

Como em seus dois sucessos anteriores, Ritchie construiu em ‘Rocknrolla' um roteiro desses em que o espectador não pode tirar os olhos da tela, sob o risco de perder algum momento crucial da história. Seus personagens de moral duvidosa são a melhor parte do filme, tanto os principais quanto os coadjuvantes, com destaque para Archy, braço direito de Lenny, vivido por Mark Strong.

A trilha sonora - lançada nesta semana pela gravadora Universal - também é um capítulo à parte, reunindo clássicos do punk, como o The Clash, e novas apostas do cenário indie, como o The Subways, cuja faixa "Rock & Roll Queen" é tocada durante uma das melhores seqüências do longa.