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São-bernardense Dani Calabresa se pronuncia sobre assédio de colega: "Respeito e Justiça"

Atriz da região diz que tem medo, mas não vai se calar; Marcius Melhem é acusado de abusos sexual e moral

Marcela Ibelli
Com AE
04/12/2020 | 17:38
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Celso Luiz/DGABC


Após a divulgação de reportagem reveladora da revista Piauí, nesta sexta-feira (4), sobre acusações de assédio sexual e moral envolvendo o humorista Marcius Melhem contra a também comediante Dani Calabresa, a são-bernardense se pronunciou nas redes sociais. Em texto publicado no Instagram, Dani diz que "nunca quis ser vista como uma mulher assediada", mas que para recuperara saúde precisou de defender. "Nunca procurei a imprensa. Tomei as medidas cabíveis para conseguir ajuda. Tudo é muito díficil, dá medo, vergonha, mas temos que lutar por respeito e justiça. Não passarão. Assédio é crime ", escreveu.

A artista ainda agradece, especialmente, a também artista Maria Clara Gueiros que sabe de tudo desde o começo. "Me apoiou desde o início." Dani encerra o post declarando solidariedade às mulheres que "passam por isso e têm medo de denunciar. É impressionante a luta que uma mulher precisa travar para provar que é vítima", lamentou. 

EMISSORA

A Rede Globo divulgou comunicado falando sobre suas políticas de apuração sobre denúncias internas envolvendo seus funcionários. A emissora informa que "não comenta questões de compliance, mas reafirma que todo relato de assédio, moral e sexual, é apurado criteriosamente assim que a empresa toma conhecimento". Também diz que "não tolera comportamentos abusivos em suas equipes e incentiva que qualquer abuso seja denunciado". Destaca a manutenção de um "canal aberto" para denúncias, e o compromisso com sigilo dos processos e a sua investigação, além de ressaltar que "não faz comentários sobre as apurações". As medidas cabíveis tomadas após as apurações "podem ir de uma advertência até o desligamento" dos funcionários e que, neste último caso, "as razões de compliance não são tornadas públicas".

ACUSAÇÕES

As primeiras denúncias contra o comediante Marcius Melhem surgiram no fim de 2019, e foram negadas por ele. Em março de 2020, se afastou do comando do humor da emissora, e também de suas funções como roteirista e ator, alegando a necessidade de acompanhar tratamento de saúde de sua filha. O período inicial de licença seria de quatro meses. Em vez de retornar, porém, Marcius Melhem teve seu contrato com a emissora encerrado após 17 anos. No comunicado final, a emissora destacou sua "importante contribuição para a renovação do humor" e não citou as acusações de assédio, o que teria gerado insatisfação em alguns artistas que acompanharam o caso internamente. 

Em 24 de outubro, uma reportagem da Folha de S.Paulo, trouxe entrevista com a advogada Mayra Cotta, que assessora grupo de artistas que endossam as acusações contra Marcius Melhem. "Houve comportamento recorrente, de trancar mulheres em espaços e as tentar agarrar, contra a vontade delas. De insistir e ficar mandando mensagem, inclusive de teor sexual, para mulheres que ele decidia se iam ser escaladas ou não para trabalhar, se ia ter cena ou não para elas. De prejudicar as carreiras de mulheres que o rejeitaram. De ficar obcecado, perseguindo, mesmo. Foi um constrangimento sistemático e insistente, muito recorrente", relatou, à época. 

Pouco depois, em seu Twitter, Marcius Melhem se manifestou publicamente sobre as acusações pela primeira vez. "Diante de acusações tão graves, que de forma alguma cometi, o que eu posso fazer? Negar. Coloco à disposição toda minha comunicação que tenho arquivada, com qualquer pessoa que tenha trabalhado ou se relacionado comigo nesses anos", afirmou. "Mas, mesmo abraçando profissionalmente a causa feminista, ainda combato o machismo dentro de mim, erro, posso ter relações que magoem. Tento melhorar e aprender. E queria muito falar sobre isso", disse, em outro momento. 

Nesta sexta-feira (4), a revista Piauí publicou novos detalhes sobre o caso, após ter colhido depoimentos de 43 pessoas, entre vítimas e testemunhas, muitas das quais na condição de anonimato. Entre os relatos, há detalhes dos supostos assédios que teriam sido praticados por Melhem e relatados ao compliance da emissora. Também há relatos de medidas que teriam sido tomadas por funcionários da Globo em relação à situação, como uma sugestão de que Marcius Melhem fizesse terapia após uma acusação.

 

 




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