Paralelamente ao anúncio de uma nova regulamentaçao que quer impedir a divulgaçao de segredos de Estado via Internet, se assinalava esta quinta-feira em Pequim que as autoridades chinesas tinham dado às companhias estrangeiras o prazo até o próximo dia 31 para estar em conformidade com outra regulamentaçao, muito restritiva, sobre os programas.

De acordo com esta regulamentaçao pouco conhecida, aprovada em outubro do ano passado, as companhias estrangeiras e chinesas devem imperativamente revelar às autoridades chinesas o tipo de programa utilizado para as informaçoes que enviam pela Internet.

``A tecnologia de codificaçao é tao utilizada em informática e tao importante nas comunicaçoes 'online' que a aplicaçao desta regulamentaçao pode prejudicar a atividade comercial', declarou esta quinta-feira Michael Furst, da Câmara norte-americana de Comércio na China.

A Câmara precisou em um comunicado que ``apóia as preocupaçoes' expressadas pelas companhias norte-americanas em relaçao a este tema e que pediu às autoridades chinesas para adiar a data de entrada em vigor desta nova regulamentaçao.

Os programas de codificaçao permitem camuflar os dados por meios de algarítmos específicos que impedem terceiras partes de conhecer o conteúdo da mensagem e sao essenciais na venda direta porque permitem dar garantias às comunicaçoes entre os comerciantes e os compradores. ``Se a nova regulamentaçao for aplicada literalmente, poderá impedir toda atividade comercial', advertiu em Hong Kong Joe Sweeney, um especialista nos problemas da Internet na China. Este especialista acrescentou que lhe parece difícil que as companhias estrangeiras possam obter a autorizaçao do comitê chinês de codificaçao para cada programa introduzido na China.

As preocupaçoes causadas pela codificaçao aumentaram quando ontem foi anunciada uma nova regulamentaçao destinada a evitar ``a divulgaçao de segredos de Estado' pela Internet e uma informaçao, surgida na imprensa, assinalando que antes do final do mês haverá novas restriçoes sobre os computadores portáteis chineses.

A regulamentaçao, publicada ontem pelo Diário do Povo, órgao do Partido Comunista chinês, prevê que as empresas da Internet e os indivíduos podem ser considerados penalmente responsáveis pela difusao por meio da Internet de informaçoes catalogadas como ``segredos de Estado'.

A definiçao de segredo de Estado é ampla na China e pode ser aplicada praticamente a toda informaçao que nao tenha sido divulgada nos meios de comunicaçoes oficiais. Sua divulgaçao pode resultar em prisao ou até em pena de morte se o caso é considerado grave.