Impactos da pandemia e possível alto índice de rejeição à política estão no horizonte dos próximos prefeitos
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A palavra desafiador é constantemente utilizada por candidatos a prefeito durante o processo eleitoral no Grande ABC ao descrever como será o futuro da região. E não é para ser diferente. Os próximos quatro anos trazem um cenário repleto de incertezas aos eleitos hoje – e aos que confirmarem a vitória em eventual segundo turno, agendado para o dia 29. Não apenas do aspecto de políticas públicas, mas, também no diálogo com o eleitor.
As sete cidades foram impactadas por todas as frentes por causa da pandemia de Covid-19. Estão próximas de atingir a triste marca de 3.000 casos de morte pelo novo coronavírus, além de registrarem perto de 80 mil contaminados. Os números de internações cresceram nas últimas semanas, o que reforça a preocupação com uma segunda onda de disseminação do vírus.
Aliada ao quadro de saúde pública está a situação econômica. Celeiro industrial e com mudança em curso de sua vocação para a área de serviços, o Grande ABC sentiu no bolso a necessidade de fechamento do comércio para conter o avanço da doença.
O impacto, evidentemente, chega ao poder público. Há mais gente desempregada, menos dinheiro circula, existe redução de receita tributária e maior dependência dos serviços públicos, em especial de saúde e de educação.
Aliás, o futuro educacional é outro gargalo que se apresenta. O ano letivo vigente é considerado perdido por muitos especialistas na área devido à adoção abrupta do sistema remoto. Índices preliminares e alguns estudos indicam para a baixa taxa de aprendizado. Há quem defenda a reprovação do ano letivo.
“Será inevitável aos futuros prefeitos a gestão de assuntos delicados cuja capacidade de enfrentamento não está integralmente em suas competências de atuação legal, como a crise econômica ligada à Covid-19”, avisou o cientista político Marcus Vincius Pessanha. “Por mais que os prefeitos tenham vontade de resolver as dificuldades que a pandemia do novo coronavírus trouxe para as cidades, suas ações poderão estar limitadas pela abrangência da atuação do governo federal e dos Estados, que também estarão focados para tentar resolver os mesmos problemas”, avaliou Pessanha.
E, justamente, União e governo paulista batem cabeça sobre a política adotada para combater a Covid-19. A gestão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi crítica à imposição de quarentena feita pelo governador João Doria (PSDB). A troca de farpas persiste sobre a aplicação da vacina, uma vez que o tucano firmou parceria para testagem do imunizante produzido pela empresa chinesa Sinovac, contrariando Bolsonaro. A politização sobre o uso da vacina – bem como o duelo dos dois, já mirando a corrida presidencial de 2022 – serão outros ingredientes de dificuldade para os futuros prefeitos do Grande ABC.
No campo político, os chefes de Executivo eleitos hoje ou dia 29 devem enfrentar a questão da representatividade. Até por causa da pandemia de Covid-19, especialistas apontam para a possibilidade de abstenção em massa. A rejeição à política também está presente, o que tende a fazer crescer índices de votos brancos e nulos. Ou seja, existe a chance real de a maioria dos eleitores rejeitar por completo a classe política.
“É preciso estabelecer diálogo com a camada de eleitores que se abstiveram, sendo que o chefe do Executivo deve ter em mente que esses números, do voto nulo e em branco, são cada vez maiores, o que indica claro descontentamento e redução da confiança da população na política”
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