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Bê-a-bá atrasado preocupa pais
Ana Macchi
Do Diário do Grande ABC
01/06/2002 | 16:57
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Crianças que demoram a falar costumam preocupar os pais, mas até os 3 anos, o atraso não é incomum. Segundo a fonoaudióloga Rejane Rubino, professora da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica) e integrante da Derdic (Divisão de Educação e Reabilitação dos Distúrbios da Comunicação), em média, as crianças de 1 ano e 4 meses pronunciam 64 palavras, quantidade que também pode saltar para 154 palavras ou simplesmente não sair do zero. Se a criança chegar aos 3 anos sem pronunciar essa quantidade de palavras e só balbuciar algumas poucas, então o seu desenvolvimento pode não ser considerado normal.

“É perfeitamente comum que crianças de 1 ano e 8 meses, por exemplo, não falem. De uma hora para outra podem, simplesmente, desandar a falar. Os pais que se sentirem inseguros, porém, devem procurar assistência de um fonoaudiólogo para avaliação”, disse Rejane.

Se for constatado o problema, o bebê irá passar por trabalho terapêutico lúdico com especialistas para estímular a fala. “Não generalizo os casos, mas pode-se dizer que existe incidência de atraso de fala em crianças que são superprotegidas pelos pais. Essas crianças não sentem necessidade de se expressar porque os pais já as atendem sem que elas solicitem.”

O atraso na fala pode acontecer com qualquer bebê, sem ter necessariamente ligação com algum problema patológico. Segundo especialistas, é perfeitamente normal que crianças entre 1 e 2 anos só falem poucas palavras ou nenhuma. Ou ainda que falem muito mais, em relação às demais.

Porém, é um mito dizer que crianças que falam palavras demais com pouca idade são superdotadas. “Não existe nenhuma ligação do desenvolvimento de vocabulário com a inteligência. Temos casos de crianças inteligentes que tiveram problemas para desenvolver a fala. A questão está ligada ao comportamento”, afirmou a fonoaudióloga.

Ela explicou que os casos de atraso não têm motivo específico, mas podem estar ligados a problemas auditivos, lesões cerebrais ou quadros psíquicos. Crianças que falam e deixam de se expressar depois de um tempo sugerem, por exemplo, um problema psíquico ou auditivo que deve ser estudado por fonoaudiólogos.

Bilíngüe – Nas situações em que crianças aprendem até dois idiomas ao mesmo tempo, a predisposição ao atraso de linguagem é maior e o processo de iniciação de fala pode ser mais lento. “A criança que se muda para outro país e que freqüenta creches ou que assiste televisão vai ter facilidade para desenvolver o idioma. Em alguns períodos, pode misturar as duas línguas, mas isso é natural”, afirmou Rejane.




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