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Artista plástica lança exposição após receber diagnóstico de câncer de mama

Sandra Huang transporta a oito telas os sentimentos de vítima da doença

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
23/10/2020 | 00:01
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Denis Maciel/DGABC


Qual o sentimento de quem recebe o diagnóstico de câncer de mama? Quanto tempo resta, o que é possível fazer? Esses questionamentos que permeavam a cabeça da artista plástica Sandra Huang, 55 anos, foram transportados para oito telas de arte digital, que podem ser vistas na exposição Outubro Rosa com Arte. A instalação está na Galeria Cia Arte e Cultura, dentro do Golden Square Shopping, em São Bernardo, até o fim do mês. A atividade ocorre em celebração ao Outubro Rosa, campanha que visa alertar sobre o câncer de mama, o mais comum entre mulheres, e incentivar os exames e diagnóstico precoce.

Sandra, que retirou as duas mamas após descobrir, há três anos, que tinha câncer, usa a sua arte para refletir sobre o tempo futuro, aquele que se apresenta após grandes momentos da vida. “Pode ser a descoberta de uma doença, mas também tantas outras coisas”, relata. “São oito obras, feitas especificamente para a exposição. Nelas eu transmito a reflexão sobre o tempo, sobre viver o hoje. Estamos sempre adiando para amanhã as coisas e quando a gente tem um diagnóstico desses, não sabemos se vamos morrer. O câncer é um ponto de interrogação e nessa hora a gente se pergunta quanto tempo mais teremos”, detalha.

Em 1998, Sandra descobriu que tinha linfoma, tipo de câncer que afetou vários órgãos. Foi durante o tratamento  e os diversos períodos de internação que a artista voltou a pintar – uma prática que a acompanhava na infância. “Voltei (a pintar) inicialmente para passar o tempo e porque tinha uma energia que precisava ser canalizada. Pintava e ia colando as telas na parede”, relembra. Em 2008, o linfoma foi novamente diagnosticado e Sandra fez um autotransplante de medula. Ficou bem, mas o prognóstico não foi dos melhores: a expectativa era a de que em quatro ou cinco anos a doença voltasse a se manifestar. 

Preocupada com o tempo que ainda tinha, a artista foi com a mãe em viagem ao país de origem de sua família, a China. Esteve também em Hong Kong (região administrativa da China) e Cingapura. “Tudo que eu via, comprava. Mas na verdade, eu ia morrer, para que estava comprando tudo? Era um paradoxo”, relatou.
Essas reações e decisões de quem lida com a doença são a tônica dos trabalhos. “A ideia é mostrar que existem, sim, tempo e vida após o diagnóstico e por isso é tão importante fazer os exames, fazer o rastreio, para que seja descoberto o quanto antes”, finaliza Sandra. 




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