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Grupo teatral lembra assassinato de Vladimir Herzog
Mauro Fernando
Da Redaçao
24/10/2000 | 18:29
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O ato teatral 25 Vezes Vladimir lembra nesta quarta-feira um dos mais tristes episódios da história recente do país: o assassinato do jornalista Vladimir Herzog. O evento, com entrada franca no Teatro Ruth Escobar, em Sao Paulo, tem coordenaçao e direçao geral do dramaturgo Jair Alves, e conta com os atores Itala Nandi, Cláudio Mamberti, Ana Markun e Marco Antônio Pâmio, entre outros.

  A apresentaçao, inspirada na vida e na obra de Herzog, marca o 25º aniversário de sua morte. Dez cenas curtas, baseadas em depoimentos de pessoas que conviveram com o jornalista ou passaram por prisao política, formam o ato teatral. Esses depoimentos geraram um dossiê. 25 Vezes Vladimir é o resultado da oficina com dramaturgos que, a partir do dossiê, desenvolveram os esquetes. 

 A primeira cena, com Pâmio e Rosaly Papadopol, mostra Herzog em 17 de outubro de 1975, a uma semana da morte. "Ele estava tenso, sabia que podia ser o próximo a ser preso", revela o ator. O esquete reproduz o encontro de Herzog com Beatriz Tragtenberg durante a leitura dramática de uma peça. "Herzog era ligado ao teatro, um canal de combate ao totalitarismo", atesta o diretor geral.

  Para Alves, o ato teatral discute, entre outras coisas, conceitos de violência. "Naquela época, ela era um instrumento político para eliminar oponentes. Hoje, está dissimulada, reprimindo o movimento social", diz. "A dramatizaçao reflete sobre um período horroroso que nao pode ser esquecido", afirma Pâmio. 

 Cada cena recebeu tratamento diferenciado. Entre os diretores estao Alves, Mamberti e Beatriz Tragtenberg. Alves responde pela "unidade dentro da diversidade". 

 A tortura e o assassinato de Herzog nas dependências do DOI-Codi (Destacamento de Operaçoes Internas - Comando Operacional de Informaçoes) do II Exército gerou forte indignaçao e protestos. A reaçao da sociedade civil culminou em ato ecumênico na Catedral da Sé que reuniu 8 mil pessoas.

  Apesar de um Inquérito Policial Militar manipulado ter concluído que o jornalista, preso sob acusaçao de ser comunista, havia se suicidado, a Justiça Federal responsabilizou a Uniao pela morte de Herzog em 1978.

Prêmio - Alves recebe na sexta-feira, no Parlatino, em Sao Paulo, o 22º Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, na categoria teatro, pelo texto 7 Dias em 2000.




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