Setecidades Titulo Pandemia
Um mês após fechar hospital,
Mauá não soma dados no boletim

Estimativa é que o número de munícipes com a Covid na cidade seja 55% maior que o informado

Flavia Kurotori
Do Diário do Grande ABC
09/09/2020 | 22:09
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Celso Luiz/DGABC


Um mês depois que a Prefeitura de Mauá desmontou o hospital de campanha – inaugurado dia 28 de abril –, que ficava no estacionamento do Paço, o número de casos confirmados no equipamento ainda não foi somados aos dados oficiais da vigilância epidemiológica, conforme assume a administração em nota enviada ao Diário. Isso significa que a quantidade de moradores diagnosticados com a Covid-19 é superior às 3.717 pessoas infectadas que constam no boletim publicado ontem.

Segundo o sistema de monitoramento do Estado, a cidade possui 5.721 contaminações pelo novo coronavírus, ou seja, são pelo menos 55,6% casos a mais do que o informado no site da Prefeitura chefiada pelo prefeito Atila Jacomussi (PSB).

Questionada se os testes Do hospital de campanha eram rápidos ou laboratoriais, a administração disse que ambas modalidades eram utilizadas para identificação da doença, contudo, não detalhou o total ou percentual de diagnósticos avaliados com base em cada um dos tipos.

Especialistas explicam que os testes rápidos são imprecisos. Infectologista do HMCG (Hospital e Maternidade Christóvão da Gama), Carlos Quadros diz que há marcas no mercado cujos testes podem ter taxa de 50% de falsos positivos. Por isso, algumas prefeituras, como a de São Caetano, divulga números de testes rápidos separados dos da vigilância epidemiológica.

HISTÓRICO

Quando as atividades do equipamento foram encerradas, em 10 de agosto, a Prefeitura informou que 17.182 pacientes foram atendidos, 8.110 testes foram feitos, 3.518 se recuperaram sem necessidade de internação. Além disso, 167 pacientes se recuperaram com infecção leve e 291 com quadro grave. 

A falta de transparência impulsionou o vereador Fernando Rubinelli (PTB) a entrar com representação junto ao MP (Ministério Público) contra o prefeito Atila Jacomussi (PSB). Ele pede que seja investigada eventual prática de subnotificação de casos de Covid-19. A ação, protocolada dia 22 de junho, segue em andamento no MP.

Além disso, o contrato com a Atlantic - Transparência e Apoio à Saúde Pública, responsável pela gestão do hospital de campanha, foi firmado sem licitação e virou alvo de operação do MP em junho por suspeita de irregularidades. A desconfiança é a de que o convênio seja superfaturado, levando em consideração contratos semelhantes envolvendo hospitais de campanha nas cidades da região. Atila nega as acusações e alega que a escolha da empresa se deu com base no princípio da economicidade. Mesmo sob suspeita, em agosto a administração prorrogou por mais um mês o acordo com a empresa e pagou, no total, R$ 4,3 milhões para gerenciar a unidade. 

Região totaliza 2.283 mortes de Covid

Boletins divulgados ontem pelas prefeituras indicaram que o Grande ABC acumula 2.283 mortes causadas pelo novo coronavírus. Trata-se de dez vítimas a mais do que no dia anterior, entre elas, um bebê de dois meses em São Bernardo, cidade na qual foram registrados quatro óbitos em 24 horas. Os demais falecimentos do dia foram em São Caetano (dois), Mauá (dois), Santo André (um) e Diadema (um). 

São Bernardo é a cidade com mais óbitos, 816, equivalente a 35,7% dos falecimentos por Covid-19 nas sete cidades. Santo André registra 514 vítimas, em seguida, são 403 mortes em Diadema, 282 em Mauá, 177 em São Caetano, 69 em Ribeirão Pires e 22 em Rio Grande da Serra.

Em relação aos casos, o Grande ABC já identificou 59.093 contaminados, sendo 26.423 em São Bernardo, 16.486 em Santo André, 7.631 em Diadema, 3.717 em Mauá, 3.316 em São Caetano, 1.019 em Ribeirão Pires e 501 em Rio Grande da Serra. Do total, 47.838 pessoas já se recuperaram.

No Estado, 7.793 diagnósticos positivos foram contabilizados, atingindo 866.576 casos. Mais 391 mortes foram confirmadas ontem, somando 31.821 vítimas da Covid. Ao menos 717.423 foram curados. Já o Ministério da Saúde informou que o Brasil registra 5.197.889 contaminações, 128.539 óbitos e 3.453.336 recuperados.




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