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Detentas de S.Bernardo fazem cursos
Kléber Werneck
Do Diário do Grande ABC
01/09/2001 | 18:40
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De presidiária para presidiária empresária. A oportunidade de mudar de vida é o que prega o projeto da Delegacia Seccional de São Bernardo, da Prefeitura e do Sebrae (Serviço de Apoio a Micro e Pequena Empresa), que será desenvolvido na Cadeia Pública Feminina de São Bernardo, no bairro do Taboão, a partir da segunda quinzena do mês. As 105 mulheres presas poderão fazer cursos de especialização e oficinas profissionalizantes de corte e costura, culinária, manicure e cabeleireira. Receberão ainda noções de administração de seus próprios negócios.

“A idéia é desenvolver uma visão de gestão de negócio, do marketing às finanças”, disse a gerente do escritório do Sebrae em São Bernardo, Silvana Pompermayer. A intenção é transportar para a cadeia as bases do programa Brasil Empreendedor, já desenvolvido pela entidade junto a pequenos empresários, cooperativas e comunidades carentes.

Silvana disse que para o projeto ser bem-sucedido é preciso que as detentas trabalhem a auto-estima. “Ao Sebrae caberá preparar as mulheres para a administração das atividades e, futuramente, para o gerenciamento de um negócio próprio.”

A Prefeitura, por meio da Sedesc (Secretaria de Desenvolvimento Social), será responsável pelos cursos e oficinas profissionalizantes. A diretora da Criança e Juventude da Secretaria, Maria Ester Dalmolin, disse que as atividades serão coordenadas por monitores.

Nas primeiras semanas haverá oficinas restritas a atividades ocupacionais – sem qualquer profissionalização. “Os cursos ainda não estão estruturados. Um dos problemas é definir como será feita a ocupação física do espaço, porque o pátio não é grande”, afirmou.

Enquete – O anseio por mudança partiu das detentas. Em enquete feita pela Delegacia Seccional há dois meses, com 98 presidiárias, 92 disseram que gostariam de desenvolver alguma atividade profissionalizante enquanto estivessem presas. Em outra enquete, 96 delas afirmaram que pretendiam trabalhar quando saíssem da cadeia. “Você fica com a mente ocupada e o tempo passa mais rápido”, afirmou Solange Bonani, 40 anos, presa no Taboão há quatro meses por tráfico.

Os cursos também foram escolhidos de acordo com a aptidão delas. Em outra pesquisa feita pela Sedesc, 39 pediram curso de cabeleireira, 27 de manicure e 25 de corte e costura. “Meu sonho é sair e montar um salão de beleza para trabalhar e poder cuidar dos meus filhos”, disse V.S.C., 33, que corta e pinta o cabelo das colegas.

As detentas também terão direito a redução de pena. A cada três dias de curso ou trabalho, diminui um dia da pena. “Isso as motiva e acalma”, disse o delegado seccional, Mário Jordão Toledo Leme.




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