O governo federal quer propor dois tipos de passeio a partir da Estação da Luz. Um com destino a Santos, com paradas em Santo André, Mauá, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra e Vila de Paranapiacaba; e outro para a reserva da Juréia, em Peruíbe, passando por cidades do litoral Sul.
O passeio é uma viagem no tempo. A Mata Atlântica impressiona em todo o trecho, bem como a vista para o segundo sistema funicular – o trem puxado por cabos de aço que vencia a serra para levar o café até o porto, inaugurado em 1901. Contribuem para o clima nostálgico, os ambientes dos vagões construídos em 1890, que serão usados especialmente para esse trajeto. No caminho, duas casas históricas e uma caixa d’água importada de Glasgow, na Escócia, evidenciam o passado ferroviário do trecho. O ano era 1867, data de inauguração da primeira linha de São Paulo. Uma das casas, moradia de funcionários da ferrovia, se conserva ainda graças à força das paredes em pinho-de-riga importado da Letônia e das telhas francesas de Marselha. “É um alvo de interesse para restauração”, disse o vice-presidente do Conselho Gestor da Subprefeitura de Paranapiacaba, Elias Pereira da Silva – ferroviário e ele próprio um antigo defensor da preservação da Vila.
Segundo o superintendente do escritório regional da Rede em São Paulo, Fábio Aguiar Menezes, o projeto sai em prazo curto, mas a passagem deve ser mais cara que a de ônibus.
O trem poderá ter vagões antigos de madeira, como os da composição do Memorial do Imigrante, na capital. Na sexta-feira, os prefeitos de Santo André, João Avamileno; Mauá, Oswaldo Dias; de Rio Grande da Serra, Ramon Velasquez; e o vice-prefeito de Ribeirão Pires, Jair Diniz, fizeram o trajeto em um vagão antigo de luxo da rede, da velha companhia inglesa, a São Paulo Railway, que construiu a ferrovia. São vagões com bar, restaurante, sala de estar e banheiro. Todos aprovaram a iniciativa federal.
“Há trens em madeira de lei, de primeira e segunda classe, de 1820, que podem rodar. A idéia do circuito museológico é antiga, bem estudada e possível”, disse a coordenadora de Preservação do Patrimônio Histórico da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), Maria Inês Dias Mazzoco – antes responsável pelo mesmo setor na Rede (hoje em liquidação) e que há anos tenta encontrar recursos para preservar o patrimônio ferroviário. As peças do vagão usado para a viagem demonstrativa são originais em madeira de lei, com acabamentos em bronze datados de 1890.
Em Santos, o grupo conheceu as obras de restauração da estação ferroviária da cidade, que será aberta ao público em 23 de janeiro (veja reportagem ao lado). Para o vice-prefeito de Santos, João Paulo Tavares Papa, o projeto vem em boa hora: “Vai ser mais um elo entre o litoral e a Região Metropolitana e uma alavanca para o turismo”. Hoje, a linha de trem é exclusivamente para trens de carga.
O trajeto em meio à mata e às cachoeiras se abre numa visão panorâmica do litoral, passa pelas favelas de Cubatão e por terminais portuários até chegar ao fim da linha, de novo no meio do mato. A rede quer instalar trilhos que levem à estação ferroviária de Santos, pólo turístico do Centro da cidade.
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