Nove peças em circulação simultânea por nove unidades do Sesi paulista – entre elas, Santo André e Mauá. É o Viagem Teatral, projeto com entrada franca que começa neste sábado. A atração em Santo André é As Mais Fortes, texto de Claudia Vasconcellos e direção de Jairo Mattos. Mauá recebe Insônia, espetáculo criado pela Cia. Le Plat du Jour. São duas comédias.

“O Viagem Teatral é um projeto antigo, que mudou de nome e formato há sete anos”, afirma a chefe do Setor de Artes Cênicas do Sesi, Mônica Azevedo. Até meados da década passada, o Sesi colocava em seus teatros montagens próprias, produzidas por companhia constituída para esse fim. “Atualmente o formato é o de compra de espetáculos profissionais em cartaz ou em pré-estréia”, diz.

O objetivo principal, no qual a “formação de platéia está implícita”, é “distribuir a produção teatral paulistana pelo interior do Estado”. “Os espetáculos movimentam as cidades, cujos habitantes muitas vezes, por causa da distância de São Paulo, não têm chance de ir ao teatro, que é um instrumento de reflexão, de transformação”, afirma Sônia.

Grupos que fazem da pesquisa de linguagem seu carro-chefe têm a preferência na seleção dos espetáculos que circulam pelo Estado. “Procuramos autores novos que estão criando uma dramaturgia própria, queremos discutir a linguagem do teatro paulista”, diz Sônia. As companhias recebem cachê, mas se responsabilizam por despesas como hospedagem.

As Mais Fortes, com a Cia. As Prima, brinca com a linguagem televisiva. “O texto tem uma influência de seriados como As Panteras, mas na verdade há uma sátira”, afirma a atriz Verônica Mello, que interpreta a invejosa Bia, uma das quatro amigas que se reencontram após mais de dez anos.

A patricinha Luli (Keila Taschini), a executiva Ana (Alessandra Thomazin) e a atraente Paula (Rosângela Frasão) são as outras três. “Nesse reencontro revelam-se as personalidades de cada uma. Essa reunião destaca os defeitos e as qualidades delas, que são exacerbados”, diz. As quatro deixaram de ser amigas por problemas com um especulador imobiliário.

Em Insônia, a autora Alexandra Golik jogou no liquidificador ingredientes como “conflitos familiares, chavões como um policial machão e uma discussão sobre poder” e obteve uma comédia de terror. “O espetáculo trata da evolução tecnológica, de clonagem e pretende desmitificar isso. É uma comédia bem maluca, macabra e engraçada”, afirma.

Duas irmãs, Begônia (Carla Candiotto) e Petúnia (Alexandra), moram num laboratório, um porão insalubre. Trancafiadas, nunca saíram de lá. Os elementos absurdos chegam ao ápice quando se descobre que elas comem carne humana. Assim, visitas do carteiro, do policial, do eletricista – personagens defendidos por Alexandre Roit, ex-Parlapatões – são bem recebidas.