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Maitê Proença: ‘O momento mais inteiro de minha vida’
Ana Carolina Rodrigues
Do Diário do Grande ABC
23/08/2006 | 21:18
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Contratada de destaque da Globo, ela raramente é vista na tela da emissora – sua última aparição foi em 2005 em A Lua me Disse. Mas, aos 46 anos, Maitê Proença há muito tempo não depende exclusivamente das idas e vindas das novelas. Prova disso é o fato de atualmente viver um dos melhores e mais agitados momentos de sua carreira. Há duas semanas em cartaz no Teatro Cultura Artística, em São Paulo, com a peça Achadas e Perdidas, (adaptação do seu livro Entre Ossos e a Escrita), concebida e protagonizada por ela, Maitê acaba de estrear na nova formação do talk-show Saia Justa, do canal pago GNT. Em entrevista, Maitê fala sobre esses e outros assuntos.

DIÁRIO – Após tanto tempo na TV, nos palcos e no cinema, a vontade de escrever é uma necessidade de inverter os papéis?

MAITÊ PROENÇA – Um ator está sempre interpretando o texto de alguém, os pensamentos, as considerações sobre o mundo de outra pessoa, que as vezes escreveu aquilo há 100 anos ou mais. Então chegou uma hora para mim que eu quis estreitar essa ponte entre mim e um público que já existe e que muitas vezes acha que eu sou uma pessoa que eu não sou. O público conhece o ator pelos personagens que marcaram, por entrevistas que ele deu, por manchetes sensacionalistas, por notinhas soltas na imprensa marrom. E desses retalhos ele faz uma pessoa. Mas aquela pessoa não sou eu. Então eu vim me apresentar.

DIÁRIO – Como foi a concepção da peça?
MAITÊ – Como sou atriz eu falava o texto alto para ver se estava bom de dizer. Parecia uma louca gritando na frente do computador. E agora eu tenho de me segurar para não me meter no trabalho do diretor Roberto Talma e da Clarisse Derziê Luz, minha amiga e atriz que faz a peça comigo. Mas é muito bom de fazer e sentir que tomou conta da platéia. A peça tem uma hora e 20 minutos. Com a platéia, ela fica com uma hora e 35 minutos. São 15 minutos que se somaram por causa das risadas do público. Cronometramos isso em São Luiz do Maranhão. Quinze minutos de reação espontânea da platéia! Somos duas atrizes fazendo 21 personagens e seis histórias diferentes. Há muitas trocas de roupa, de cenário e a peça não pára nunca, é muito movimentada. Emagreci dois quilos desde o início da temporada.

DIÁRIO – Quando souberam que você estava escrevendo chegou a ouvir frases preconceituosas em relação à sua beleza, como se fosse impossível uma mulher linda ter um bom texto?
MAITÊ – A beleza abre muitas portas. Todo mundo gosta de ver um quadro bonito, uma flor e uma mulher linda. Mas beleza não é qualidade. Qualidade é aquilo que se adquire com esforço próprio: cultura, bondade, simpatia. E são essas as características que devem te manter no lugar depois que as portas se abriram.

DIÁRIO – Por que não lhe vemos na TV há algum tempo?
MAITÊ – Acho que a TV não me quer. Eles me pagam uma fortuna e me usam pouco. Acho isso um desperdício porque estou no momento mais inteiro de minha vida, como atriz inclusive. Em suma, custo caro para o pouco que me usam e recebo pouquíssimo pelo muito que poderia oferecer. Mas sou contratada, e a qualquer momento pode rolar alguma coisa.

DIÁRIO – A peça é composta por esquetes que trazem ao palco reflexões sobre vários temas. Você buscou inspiração somente em seu universo ou as pessoas próximas a você a influenciaram a escrever, por exemplo, sobre futebol?
MAITÊ – Poucas atividades são mais “foro íntimo” que escrever. Mario Quintana disse assim: “Minha vida está nos meus poemas, meus poemas são eu mesmo, nunca escrevi uma vírgula que não fosse uma confissão”.

DIÁRIO – Conciliar tantos projetos distintos no mesmo momento não é para qualquer um. A maturidade tem alguma coisa a ver com isso?
MAITÊ – Estou mais confortável dentro da minha pele hoje do que jamais estive e isso me ajuda a administrar todos estes projetos. Existe mais verdade nessa Maitê do que em qualquer outra. Sempre busquei a autenticidade, mas mais jovem a gente busca e não encontra ou encontra enviesada. Há 10 anos a verdade as vezes saía meio agressiva, ou então tímida com medo de se expressar, falando baixinho de vergonha. Agora não, tudo é mais franco, mais solto e mais gostoso.

DIÁRIO – O Saia Justa é sua primeira experiência como apresentadora? O que tem achado do formato e estilo da atração?
MAITÊ – Na TV Manchete fui âncora de um programa concebido e dirigido por Fernando Barbosa Lima. Era um programa de cunho jornalístico. Foi um sucesso, era bom de fazer e chamava-se Diálogo. Acho que desta vez, com mais experiência de vida, tranqüilidade, e essas coisas boas que os anos trazem, será ainda melhor.

DIÁRIO – Como tem sido seu relacionamento com as colegas de programa?
MAITÊ – Já conhecia a Mônica (Waldvogel) e a Betty (Lago). A Márcia (Tiburi) conheci agora. Pelas primeiras impressões e experiências vai dar um bom caldo.

DIÁRIO – A discussão é algo que a seduz?
MAITÊ – Já gostei mais de uma discussão. Há tantos aspectos da verdade que é bobo ficar defendendo um lado só. Mas quero crer, no caso do programa, que sirva para ajudar quem está em casa a perceber justamente isso, as possibilidades que há em tudo.

DIÁRIO – Além do teatro, da literatura e do Saia Justa, quais são seus próximos projetos? Há algo previsto para o cinema ainda este ano?
MAITÊ – Tenho mais planos do que tempo para efetivá-los. Lancei um livro de crônicas no Brasil e em Portugal. Fiz dez capítulos de uma novela, que por serem os primeiros, tomaram quatro meses do ano. Fiz um filme que será lançado em 2006, Onde Andará Dulce Veiga, em que interpreto o papel título.

DIÁRIO – Há outras searas que você deseja percorrer? O que mais falta para sua carreira em termos de conquista?
MAITÊ – Sou aquariana, sonho alto! Quero aprender a velejar e sair num veleiro em torno do mundo. Quero tirar dois anos para estudar e me fixar em dois ou três países distantes, tenho um livro para escrever que está dentro da cabeça.

DIÁRIO – Quando a temporada paulistana terminar você já tem idéia para qual praça Achadas e Perdidas deve seguir?
MAITÊ – Nosso contrato com o Teatro Cultura vai até o fim de novembro. Nas férias escolares faremos algumas viagens dentro do Brasil. Em fevereiro vamos a Portugal onde meu livro esteve em 4° lugar nas vendas de todo o país e em março voltamos para o Rio de Janeiro. Se a temporada de São Paulo for a maravilha que está se anunciando é possível que voltemos para cá em seguida.

DIÁRIO – Os fãs podem esperar por mais alguma novidade literária?
MAITÊ – Prefiro falar de projetos quando entram em execução. Antes disso fica para quem vive de projetos e de entrevistas.




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