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'Durval Discos' é grande vencedor do Festival de Gramado
Cássio Gomes Neves
Com Agências
18/08/2002 | 18:20
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Já fazia 19 anos que uma mulher não levava o prêmio de direção em Gramado, desde que Ana Carolina saiu das Serras Gaúchas, em 1983, com o Kikito por Das Tripas Coração. E filme dirigido por mulher, então? Completavam-se 22 anos do dia em que Tizuka Yamazaki levou o prêmio máximo por Gaijin, em 1980. As veteranas diretoras não são mais as amazonas solitárias na calçada da fama do festival gaúcho, graças a uma estreante. Na noite deste sábado, a cineasta Anna Muylaert deixou o Palácio dos Festivais com sete Kikitos dados a seu Durval Discos. O filme, fora os supracitados melhores filme e direção, botou na sacola os prêmios de roteiro, fotografia, direção de arte, e as categorias cedidas pela crítica e pelo júri popular.

Faltou só a arruda sobre as orelhas para a sagração total. Filmado no bairro de Pinheiros, em São Paulo, Durval Discos pode ser entendido como um refogado de Alta Fidelidade (de Stephen Frears) e Horas de Desespero (de William Wyler), cômico sobretudo. Durval (Ary França) é dono de uma loja de bolachões, os discos de vinil que são glorificados como heróis da resistência contra o advento dos CDs. Etty Fraser interpreta sua mãe, rendida dentro de casa por uma seqüestradora.

Concebida por André Abujamra, a música original da trilha no filme de Anna lideraria a bolsa de apostas. Ficou a ver navios quando David Tygel subiu para se apropriar do Kikito dado a seu trabalho em Dois Perdidos numa Noite Suja. É o filme no qual o diretor José Joffily se aventurou a adaptar o texto de Plínio Marcos, remake do longa já feito pelo mineiro Braz Chediak nos anos 70. Sai a dupla Nelson Xavier/Emiliano Queiroz do filme de Chediak, entra nos papeís principais o par Roberto Bomtempo/Débora Falabella, ela com grandes chances de ser lembrada na premiação. A láurea de interpretação feminina, contudo, foi para Priscilla Rozenbaum, que repetiu o personagem já construído no palco, e agora em filme, de Separações, de Domingos de Oliveira. O longa mereceu ainda o Kikito de atriz coadjuvante, para Suzana Saldanha. Alexandre Moreno, de Uma Onda no Ar (Helvécio Ratton), foi o preferido entre as interpretações masculinas.

A experiência rosnou mais alto na seção documentário – vencida pelo Edifício Master de Eduardo Coutinho, essa competente raposa do cinema documental nacional – e na competição latina, em que o mexicano Arturo Ripstein, de produção instável embora importante, convenceu o júri a conceder os Kikitos de direção e filme ao seu La Perdición de los Hombres.




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