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Começa restauração do Davi de Michelangelo
Da AFP
15/09/2003 | 15:54
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Começou nesta segunda-feira a restauração do Davi de Michelangelo. A escultura de 4,5 metros está exposta desde 1504 em Florença, Itália, e sofre com os efeitos do tempo.

Para proteção, em 1873 o Davi foi levado da praça da Senhoria de Florença para a Galeria da Academia da cidade, onde em média 1,2 milhão de visitantes o admiram todo ano.

A limpeza da estátua, uma das mais famosas do mundo, deve terminar em 2004, quando a escultura completará 500 anos. A responsável pela restauração é a italiana Cinzia Parnigoni.

Uma série de polêmicas surgiu na Itália por causa do método de limpeza escolhido. Um desacordo a respeito da técnica provocou a demissão da primeira restauradora incumbida da tarefa, Agnese Parronchi.

O método escolhido consiste no uso de compressas encharcadas com água destilada para remover a sujeira e a gordura dos minúsculos poros da pedra. Vários especialistas italianos e estrangeiros emitiram um alerta público, afirmando que este método poderá fazer mais do que remover a poeira da superfície da estátua. Especialistas internacionais, particularmente ingleses e americanos, temem que o mármore da estátua seja afetado pelo método.

Alguns especialistas dizem que existe o risco de afetar o material. “A limpeza do Opificio (Opificio delle Pietre Dure, instituto fiorentino encarregado da restauração), pelo que tenho visto, tem sido muito radical e busca somente a brancura e o brilho, escondendo as características de um material como o mármore”, explicou o especialista americano em História da Arte, James Beck, em entrevista a uma revista especializada.

O Opificio rejeitou as críticas e garantiu que a operação se limita a uma simples limpeza, sem uso de materiais químicos. Para encerrar a polêmica, em julho passado o ministro italiano da Cultura, Giuliano Urbani, autorizou oficialmente a limpeza do Davi.

No começo deste mês, os primeiros testes foram feitos em pequenas partes da estátua. Nesta segunda, os especialistas explicaram os critérios científicos que serão aplicados durante a restauração.

Eles lembraram que a limpeza foi decidida depois de 11 anos de estudos e consultas a especialistas italianos e estrangeiros.

Degradação- O Davi sofre as conseqüências de ter permanecido exposto ao ar livre durante mais de três séculos e meio. No entanto, a transferência para a galeria não impediu que a estátua sofresse os danos do processo de sulfatação que ataca o mármore.

Mas os piores danos causados à escultura foram obras de um restaurador. Em 1843, um fiorentino limpou a superfície da estátua com uma solução que continha 50% de ácido clorídrico, provocando a perda das cores originais da escultura.

Isso sem falar nos braços e pés que se quebraram com o passar dos séculos. Em 1527, durante uma série de revoltas, o braço esquerdo foi quebrado. Os dedos dos pés sofreram vários golpes: em 1813, 1851 e em 1991.




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