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Peça 'Os Lusíadas' explora o desconhecido
Mauro Fernando
Do Diário do Grande ABC
08/11/2001 | 18:13
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  A partir desta sexta, no Complexo Júlio Prestes, em São Paulo, a autora Valderez Cardoso Gomes, o diretor Márcio Aurélio e a cenógrafa Daniela Thomas transportam a poética camoniana de Os Lusíadas para a linguagem cênica. A viagem de Vasco da Gama rumo às Índias, narrada por Luís de Camões (1524-1580) em tom épico, ganha uma abordagem contemporânea sob a produção de Ruth Escobar.

A adaptação procura pontos de ligação da atualidade com a época dos descobrimentos marítimos. “Hoje vivemos uma transformação cultural do mundo, uma reorganização geopolítica – o Oriente está nas primeiras páginas dos jornais de todo o mundo. A descoberta das Índias é uma virada considerável na história da humanidade. Assim, buscamos pontes para pensar a nossa realidade histórica”, diz Aurélio.

Concebida para palco italiano, a releitura de Os Lusíadas, a maior obra da língua portuguesa, respeita o original, conta o diretor. “Interessam, sim, aspectos que dizem respeito à obra. Mas, de certa forma, há mais um jogo conceitual que uma historiada. Não buscamos uma reprodução fiel”, afirma.

A direção de arte segue essa idéia. “O cenário não é realista, é um espaço abstrato. Há uma plataforma que pode ser um convés, um porão, um palco. Mais sugere que afirma”, diz o diretor. Os figurinos são atemporais. “São marinheiros ou argonautas gregos ou astronautas contemporâneos, pessoas que partem para o desconhecido, enfrentam a possibilidade de descobertas”, afirma Aurélio. “Tudo isso junto amplia o discurso poético, dá uma força dramática que estimula a imaginação.”

A adaptação, centrada em Vasco da Gama (Eduardo Conde), selecionou episódios do livro e os reordenou em ordem cronológica. “Existem seqüências inteiras de versos do livro. Camões é um clássico como Shakespeare, há uma reflexão sobre a natureza humana e suas dificuldades”, diz o diretor.

Referências étnicas africanas e do Oriente Médio foram inseridas na trilha sonora. “A música, totalmente eletrônica, dialoga com a cena, e não a integra – não é um musical. É uma aventura no sentido de transpor barreiras, e não romântica”, afirma a diretora musical, Magda Pucci. Esta montagem, portanto, é diferente da que ficou em cartaz de março a agosto no Complexo Júlio Prestes.




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