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Programas no ABC estimulam parto normal
Valéria Cabrera
Do Diário do Grande ABC
14/02/2004 | 18:00
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Cristina Helena de Mello, 40 anos. Grávida, diabética, hipertensiva e com asma crônica. Apesar de todas as complicações que essas doenças podem provocar em uma mulher grávida, Cristina teve um parto normal tranqüilo na última quinta-feira no HMU (Hospital Municipal Universitário) de São Bernardo. Isso só foi possível graças ao acompanhamento médico durante toda a gravidez e às informações passadas sobre o procedimento, que evitou que mais um parto por cesariana fosse realizado no Grande ABC. No ano passado, do total de partos na região, 36% foram cesáreas. O ideal, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), seriam 15%.

Apesar do índice muito acima do recomendado, maternidades públicas do Grande ABC têm implementado com sucesso ações para reduzir as cesarianas – ainda assim, é esperado que elas fiquem acima da média, porque é nelas que são feitos os partos de risco, como o de Cristina.

A principal medida tomada foi a humanização do parto. Os números do CHM (Centro Hospitalar Municipal) de Santo André e do HMU (Hospital Municipal Universitário), em São Bernardo, onde esse tipo de procedimento existe desde 2001, mostram do programa. Em 2001, 40,5% de todos os partos realizados no HMU foram cesáreas. No ano passado, esse índice já havia caído para 34%. No CHM de Santo André, o total de cesáreas caiu de 38% em 2001 para 35% em 2003.

O médico ginecologista e obstetra Mauro Sancovski, diretor da maternidade do Hospital Municipal Universitário de São Bernardo e chefe da Clínica Obstétrica da Faculdade de Medicina do ABC, explicou que o parto humanizado tem o objetivo de deixar a gestante mais tranqüila na hora de dar à luz e reduzir a dor que o procedimento pode causar.

Segundo Sancovski, no HMU as mulheres em trabalho de parto vão para um ambiente calmo, com pouca luz, e não são obrigadas a ficar o tempo todo deitadas. "Quando as contrações ficam fortes, a dor pode ser amenizada com um simples agachamento", explicou. Outro procedimento usado é a analgesia. A mulher que não quer sentir dor pode ser anestesiada com uma pequena quantidade medicação. "A gestante não sente nada, nem as contrações", explicou.

O Centro Hospitalar de Santo André também conta com o trabalho das doulas – voluntárias que atuam no período pré-parto. "Damos apoio psicológico e emocional às gestantes, para que elas fiquem mais calmas e tranqüilas para o parto", explicou a doula Neusa Gurgel, 60 anos.

Segundo ela, muitas mulheres chegam ao hospital sozinhas, com medo, querendo acabar com o parto o mais rápido possível, com a realização de uma cesárea. "O nosso apoio muitas vezes ajuda essa mulher a mudar de idéia e ter uma parto normal tranqüilo", disse a também voluntária Aparecida do Carmo Oliveira.

A gerente de Programa de Saúde da Mulher de Santo André, Maria Inês Rosselli Puccia, disse que o objetivo é ampliar ações que melhoram a condição da gestante na hora de ter o bebê. Segundo ela, o projeto do Hospital da Mulher, que deve ser instalado ainda este ano no 2º Subdistrito, atenderá as exigências para a humanização.

"Teremos até banheira de hidromassagem para ajudar a futura mamãe a relaxar", contou.




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