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Ivan Lins convida a ‘jobiniar’
Gislaine Gutierre
Do Diário do Grande ABC
28/08/2001 | 20:10
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Qualquer homenagem a um músico se faz com a regravação de suas composições mais conhecidas. Ivan Lins em Jobiniando (Abril Music, R$ 20 em média) vai além da velha fórmula, cria um álbum que resgata o espírito dos trabalhos de Jobim e estabelece, de ponta a ponta, um autêntico sabor de bossa nova e Rio de Janeiro.

“A idéia foi fazer um CD com criações minhas inspiradas nele e canções dele como se fossem minhas”, afirma Ivan Lins. Mas esse conceito, na verdade, surgiu no andamento de outro trabalho.

Ivan Lins faria um disco de bossa nova, cantado em inglês para o mercado internacional. Para produzir, convidou o mestre Roberto Menescal.

No entanto, Jobim foi tão recorrente e as demais canções estavam tão dentro do mesmo clima, que não restaram dúvidas: seria uma homenagem a Tom Jobim.

A essa altura, o cantor já tinha duas melodias suas nas mãos de Martinho da Vila, para que este fizesse as letras. Um telefonema do sambista arrematou a idéia. “Ele disse que a segunda parte de uma das músicas tinha a cara do Tom Jobim e escreveu Jobiniando. Martinho nem sabia do projeto nosso. Acho que havia algo no ar conspirando a nosso favor (risos)”, diz Ivan Lins.

A Abril Music gostou tanto do resultado que resolveu entrar na contramão do previsto: lançou primeiro o disco no Brasil e somente em janeiro de 2002 o colocará nos Estados Unidos. Algo nada comum na carreira de Ivan, que sempre foi mais prestigiado lá que em seu próprio país.

Suavidade – Em Jobiniando, Ivan Lins continua cantando mais suave, como vem fazendo desde 1995. Por isso, sua interpretação caiu como uma luva ao repertório formado por 14 faixas.

De Tom Jobim, foram selecionadas Vivo Sonhando/ Triste, Acaso, Inútil Paisagem, Samba do Avião, Bonita, Caminhos Cruzados, Eu Sei que Vou te Amar e Dindi.

“Prevaleceram as composições que me tocam mais”, diz Ivan Lins. Para ele, regravar Jobim não é óbvio. “Esse é um mau hábito no Brasil, que ainda não aprendeu com os norte-americanos. Lá, eles regravam muito, não é nenhum demérito. O público de cada cantor espera sua versão”, afirma.

Suas canções entraram por identificação com o projeto. Acaso, por exemplo, foi composta no ano passado em parceria com Abel Silva e gravada por Leila Pinheiro em Reencontro.

Rio de Janeiro, criada a quatro mãos com Celso Viáfora, estava na gaveta. “Foi encomendada por uma empresa, mas o projeto deles não vingou, então resolvi utilizá-la”, diz. Soberana Rosa entra com duas versões, em português e inglês.

Despretensioso, o CD é uma boa opção para quem aprecia bossa nova e Ivans Lins, ou para quem gosta de suavidade. “Esse é um disco que faz bem à saúde (risos)”, afirma Ivan Lins. “É para sentar e relaxar, ouvindo o CD e tomando uma cervejinha ou um vinho”.




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