A Prefeitura de São Caetano está reformando dois viadutos no município (Independência e dos Autonomistas, ambos no bairro Fundação) e as obras, depois de concluídas, vão impedir que mendigos e moradores de ruas durmam ou utilizem os locais como moradia ou dormitório.

Na reforma, estão sendo construídos muros e rampas inclinadas em partes das laterais dos viadutos. Depois, serão colocadas pedras para que as superfícies fiquem irregulares. Este mesmo método de reforma foi usado recentemente pela Prefeitura de São Paulo em alguns viadutos e impediu que moradores de rua e mendigos continuassem a usar os locais.

Segundo a assessoria de imprensa da Prefeitura de São Caetano, as obras fazem parte de um projeto de revitalização dos viadutos e não têm por objetivo afastar os moradores de rua e mendigos dos abrigos dos viadutos.

Apesar do argumento da administração, os operários que trabalhavam segunda-feira no Viaduto Independência afirmaram que a obra era antimendigos.

O desempregado Sebastião Maciel Viana, 51 anos, afirma que vive nas ruas em São Caetano há seis meses, desde que deixou a cidade de Umuarama, no Paraná, e veio para São Paulo em busca de emprego. “Vivo na rua porque não tenho emprego nem condições de pagar para morar em algum lugar, mesmo que seja em favela”, disse. Segundo ele, por causa da reforma no Viaduto Independência, teve que arrumar outro lugar para dormir e ficar durante o dia.

Para a dona de casa Marlene Oliveira Silvério, que mora próximo ao Viaduto Independência, a reforma deve melhorar a segurança na região,tanto para os moradores como para pessoas que passam pelo local. “A gente tinha medo de passar perto do viaduto por causa das pessoas que ficavam por lá. A gente fica com dó da situação destas pessoas, mas também se sente insegura por causa deles”, afirma.

Guardas municipais disseram que têm ordem para sempre que virem mendigos deitados pelas ruas, encaminhá-los para albergues da cidade.

Carroceiros - No ano passado, a Prefeitura retirou os catadores de entulho das ruas. Agora, só pode ‘trabalhar’ quem tem cadastro. O desempregado Gilberto Moreira Aragão, 57 anos, é um deles. Ele ganha a vida como catador de papelão na cidade há três anos e diz que já foi impedido de trabalhar no município quando ainda não tinha carteirinha. “Se não tiver, levam o carrinho para a Prefeitura e a gente tem que pagar R$ 52 para tirar.”