São tantos projetos que fica difícil entender qual beneficia a quem e com qual recurso. Ao todo são oito iniciativas assistenciais que ajudam pessoas das mais variadas idades, descendências e credos. Essa, aliás, foi a principal condição imposta para que a Iaip (Instituição Assistencial Irmão Palminha) contasse com convênios e recursos das três esferas de governo - além das parcerias de empresas privadas.

A primeira iniciativa assistencial em favor das comunidades dos jardins Beatriz e Calux, além do entorno, onde a entidade está localizada atualmente, foi de um centro espírita, a Fraternidade Assistencial Seara de Luz. Eram cursos de corte e costura, crochê, pintura em tecido e confecção de bonecas de pano, entre outros. Vislumbrando parcerias e convênios com outras entidades, bem como órgãos públicos, o centro espírita foi informado de que deveria se desvincular de qualquer filosofia religiosa - ainda que não tivesse a ver com os cursos já dados na casa.

Assim, em 2004, o Iaip foi fundado. Os cursos de geração de renda para 80 mulheres continuaram. Dois anos depois, o primeiro projeto, o Brincando para Aprender, parceria com os governos estadual e municipal e empresas interessadas, começou a atender crianças de 6 a 13 anos.

A entidade lança pequeno edital, e os pais inscrevem os filhos. As 50 crianças que ficarão e terão acompanhamento psicopedagógico de segunda a sexta-feira, no contraturno escolar, são selecionadas pela assistente social Silmara Stoiani. "Têm prioridade as que estão em situação de maior vulnerabilidade social. Cerca de 80% das nossas crianças têm como provedoras do sustento da família as mães, e elas ficam sozinhas em casa. Já vimos caso de criança de 8 anos que cuidava de três irmãos menores", contou. "Atualmente, esse é o projeto que tem mais demanda. Temos uma fila de 30 pessoas - dá quase para formarmos outra turma."

Esse também é o critério para seleção para outro projeto, o federal Construindo o Futuro, que dá oficinas de webdesign, DJs, grafite - desta vez, para jovens de 15 a 17 anos. Há muitos outros projetos para os pequenos. Entre eles, Tempo de Escola, por meio do qual o Iaip atende mais 600 crianças de três escolas municipais que, de segunda a quinta-feira, têm aulas de vôlei, música, artes visuais, handebol, capoeira e confecção de brinquedos. Atualmente 7.000 crianças são atendidas, com ajuda de nove ONGs. "O poder público entendeu que não pode fazer sozinho", avaliou o vice-presidente da Iaip, Antonio de Jesus, 75 anos. "Estamos mais perto da comunidade e sabemos das suas necessidades."

Laços entre pais e filhos também ficam fortes 

O atendimento na Iaip começa antes mesmo do nascimento de um filho. Lá são oferecidos, em parceria com a UBS (Unidade Básica de Saúde) Planalto, atendimentos a gestantes com orientações sobre pré e pós-parto, alimentação, amamentação e atendimento psicológico. "Muitas vezes ela ainda nem aceitou aquela gestação, é adolescente e foi pega de surpresa, por exemplo", contou a assistente social da casa. Toda as semanas um profissional da UBS vai à Iaip dar palestras e uma enfermeira dá orientações e agenda consultas de pré-natal.

Outro dos projetos voltados para o fortalecimento da relação mãe e filho é o Famílias do Amanhã. Em parceria com uma escola localizada estrategicamente dentro da comunidade do Jardim Calux, educadoras vão às escolas e, além de trabalhar aspectos lúdicos com as crianças, propõem atividades integracionais uma vez por mês. "As mães trabalham, e muitas vezes nem sabem como brincar com as suas crianças", contou a diretora de projetos sociais Nádia Gibo.