Entre as músicas, há algo em comum: as mulheres. Ana Carolina, que em seu primeiro disco compôs a maioria das músicas sozinha, agora aparece com parcerias. Com mulheres, principalmente. Adriana Calcanhoto, por exemplo, dividiu a criação de Dadivosa, baseada em um poema de Neusa Pinheiro.
“A gente se encontrava em bastidores de shows. Um vez, pedi uma música para a Adriana e então ela tirou da bolsa a letra de Neusa Pinheiro. Fizemos a música na hora, em 25 minutos. Foi muito espontâneo”, explica Ana Carolina. É nessa canção que a mineira inclui um sample com voz de sua diva, Maria Bethânia, recitando Antônio Bivar. “Ela é uma pessoa que admiro muito. Tudo com ela fica enobrecido”, derrete-se.
Outra de suas cantoras preferidas é Alcione, que faz um dueto com ela em Violão e Voz. “Tinha vontade de ouvi-la cantando um beat moderno”, confessa. E foi uma das apostas mais acertadas do disco.
A ousadia de Ana Carolina aparece ainda na faixa Implicante, na qual ela mostra que também é bamba no pandeiro, tocando o instrumento com o respeitadíssimo percussionista Marcos Suzano.
E o CD tem mais mulher. A rainha do rádio Dalva de Oliveira é cantada em uma versão moderna de Que Será?. “Estava fazendo uma pesquisa e encontrei essa música em uma velha coletânea. Quando ouvi, lembrei que minha mãe a cantava quando eu era criança”, revela Ana Carolina.
Mas o álbum é repleto de bons momentos. A começar pela faixa de abertura, O Rio, cuja introdução soa até como um épico. E tem Ela é Bamba, a única que reúne todas as mulheres do título do disco em uma só. “Todas essas mulheres vêm de canções de Chico Buarque. Afinal, ele é o cara que mais falou de mulher na música brasileira”, afirma.
Ana Rita Joana Iracema e Carolina tem também Quem de Nós Dois, que faz parte da trilha da novela Um Anjo Caiu do Céu, da Rede Globo. Curiosamente, não é uma composição sua, mas sim uma versão sua e de Dudu Falcão para La Mia Storia Tra Le Dita, de Gean Luca Grignani e Massimo Luca.
“Nunca havia feito uma versão e isso foi um desafio. É difícil porque você precisa ter a palavra certa para encaixar na melodia”, diz. A inspiração veio de Fragmentos de um Discurso Amoroso, de Roland Barthes.
E, da mesma forma que Ana Carolina celebra o amor, canta Nunca Te Amei Idiota. Coisa que certamente muita gente já disse ou quis dizer. “Essa música diz não a todas as canções de amor do disco. Mais uma vez, aparece o traço de inconstância”, admite.
Outra prova de que buscou a diversidade está no fato de ter trabalhado com três produtores: Nilo Romero, Marcelo Sussekind e Dunga. Mas o resultado é Ana Carolina na sua totalidade. Forte, criativa, rebelde e romântica. Todas as mulheres interpretadas com vigor por uma só voz.
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.