Cultura & Lazer Titulo
Bailarina do Grande ABC vai dançar na Holanda
Mônica Santos
Da Redaçao
15/05/1999 | 16:20
Compartilhar notícia


A bailarina Suzana Gomes, 24 anos, que integra o elenco da Cia. de Danças de Diadema desde a sua criaçao, em 1995, está dando seus últimos passos na companhia. Isso porque, em agosto, ela embarca para a Holanda, rumo a uma nova etapa em sua carreira profissional.

"Eu nao estou abandonando a companhia, até porque foi nela que se deu a minha formaçao. Ocorre que eu só dancei profissionalmente em Diadema, e sinto a necessidade de experimentar novos caminhos", diz.

O caminho a que se refere Suzana é mais precisamente a Escola de Nova Dança, em Amsterda, na Holanda. Durante dois anos, a bailarina vai estudar em tempo integral. O curso, voltado para a criaçao coreográfica, utiliza várias linguagens contemporâneas. "É uma escola que existe desde a década de 70 e trabalha muito com a articulaçao corporal e a improvisaçao, técnicas nas quais acredito muito", explica.

Durante o tempo em que estiver no exterior, Suzana terá ainda um outro desafio: encontrar meios para sobreviver. Como a decisao sobre o curso se deu após o encerramento para o programa de bolsas de estudos do Governo Federal, Suzana ficou de fora da seleçao e está tendo de custear toda a empreitada. "Eu estou vendendo tudo - carro, terreno e telefone -, porque é uma coisa que quero muito. Assim que chegar lá espero encontrar trabalho e, se for dançando, melhor."

Balé caseiro - Suzana começou a dançar aos 9 anos, incentivada por amigas da escola. "O meu primeiro contato com o balé clássico foi em uma escolinha caseira de Diadema", lembra. Em 1989, já seduzida pelo balé, Suzana seguiu para uma academia em Sao Paulo. Além de continuar o estudo do balé clássico, ela fez aulas de moderno, flamenco e jazz.

Foi assim até 1993, quando Suzana encontrou Ivonice Satie, diretora da Cia. de Danças de Diadema e responsável por sua primeira experiência profissional. "Eu já a admirava e, quando soube que ela daria uma oficina gratuita em Diadema, nao pensei duas vezes", recorda.

Além de integrar o elenco da companhia, Suzana também se tornou responsável por uma das oficinas realizadas com crianças carentes da cidade. Surgiram, entao, as primeiras experimentaçoes coreográficas com o grupo, como Batalha naval (que estreou no ano passado e será reapresentada no dia 22 deste mês no Teatro Cacilda Becker) e também na própria companhia, como O diva e Baque, que integraram o espetáculo Fábrica coreográfica.

Trabalho - Antes de embarcar para a Holanda, no entanto, Suzana ainda tem muito a fazer. Entre oficinas e espetáculos da companhia, ela dá seqüência a outros dois trabalhos que divide com o bailarino e coreógrafo Joao Andreazzi.

O primeiro deles é o espetáculo Shoot in the hood, que irá estrear no Sesc Pompéia, em Sao Paulo, no dia 12 de junho. O outro é uma pesquisa que eles desenvolvem sobre movimentos e comportamentos da época do descobrimento do Brasil até os dias de hoje. "Andreazzi também estudou em Amsterda e eu considero essa experiência como uma preparaçao", avalia.

Sobre o futuro, Suzana nao faz planos. "Por enquanto, quero experimentar tudo dentro da dança contemporânea. Adoro o clássico, mas ele tem um molde para o corpo no qual o meu nao se encaixa mais. A dança contemporânea é mais permissiva, e nela pode-se usar todas as artes. Em Amsterda, espero aprender muito. Se conseguir trabalho por lá, ótimo, mas o mais importante é o crescimento que essa experiência pode me trazer", completa.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;