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Lei Antifumo pegou, mas ainda gera discussão de bar
Guilherme Russo
Do Diário do Grande ABC
07/02/2010 | 07:02
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Em um universo em que fumantes defendem a proibição dos cigarros nos espaços públicos fechados e em que os não fumantes tolerariam compartilhar ambientes com os tabagistas, todos concordam em um aspecto: a Lei Antifumo pegou. As autoridades confirmam o que se viu nos bares e restaurantes do Estado nos últimos seis meses com dados concretos. O levantamento mais recente dá conta de que menos de 0,5% das cerca de 219 mil fiscalizações realizadas pela Secretaria Estadual de Saúde e pelo Procon (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor) resultaram em autuações.

O Grande ABC segue a tendência de todo o Estado, segundo informou a médica Cristina Megid, diretora do Centro de Vigilância Sanitária Estadual. "Tenho muitos amigos fumantes, mas nem por isso eles são contra a lei", comentou.

Não é o caso da representante comercial Fabíola de Oliveira Papa, 30 anos. Mineira, ela vem a Santo André todos os meses para reuniões na empresa onde trabalha. "Essa lei é horrível! Acaba tirando o prazer do happy hour", opinou a fumante, lembrando que em seu Estado não há legislação do tipo.

Fabíola acabava um cigarro em frente ao Bar Figueiras, no bairro Jardim, enquanto as nove amigas que a acompanhavam faziam brincadeira sobre sua exclusão da turma nos momentos em que aplaca seu vício durante as baladas.

Também fumante, Douglas Corrêa de Lima, 25, é a favor da legislação. "Ninguém é obrigado a fumar com você. Antes, eu saía fedendo dos bares e hoje não tem mais isso. Mas quando chove é dureza", disse, bebericando uma cerveja enquanto fumava um cigarro em frente ao Enio's Bar 2, na Rua das Esmeraldas, também em Santo André.

De maneira geral, as opiniões de frequentadores, funcionários e donos de bares e restaurantes são sempre favoráveis à proibição do fumo. Mas não são unânimes: "Deveriam haver exceções, permitir que os estabelecimentos escolhessem seu público (de fumantes ou não fumantes)", opinou o comerciante Leonardo Pereira de Sousa, 23, dono do bar Rabo de Saia, na Avenida Caminho do Mar, em São Bernardo.

"A lei pegou. As pessoas conseguem sim ficar sem fumar (quando estão em estabelecimentos públicos). É muito desagradável a fumaça envolvendo a gente", disse a professora Alice Corte dos Santos, 42, no bar Ó Maria, na Rua Padre Manoel da Nóbrega, Santo André.

 Níveis de monóxido de carbono dos estabelecimentos caem 73,5%

A Secretaria Estadual de Saúde revelou na sexta-feira que houve redução de 73,5% nos níveis de monóxido de carbono nas casas noturnas paulistas. O estudo foi realizado pelo Incor (Instituto do Coração), do Hospital das Clínicas, em cerca de 700 estabelecimentos do tipo em todo o Estado, segundo informou a Pasta.

A médica Cristina Megid, diretora do Centro de Vigilância Sanitária Estadual, contou que os níveis de contaminação pelo gás, um dos subprodutos da queima do tabaco, encontrados nos locais fiscalizados são equivalentes aos encontrados ao ar livre.

Segundo o levantamento, os níveis médios de monóxido de carbono encontrados nas boates com ambientes completamente fechados eram de 5,02 ppm (partes por milhão) antes da Lei Antifumo. Depois que a legislação entrou em vigor, o número caiu para 1,35 ppm.

Entre os trabalhadores das casas noturnas, o estudo apontou que a contaminação no organismo dos funcionários não fumantes pelo gás caiu em 52,6% - foi de 7,22 ppm para 3,29 ppm.

BARES
Os níveis de poluição por monóxido de carbono nos bares com ambientes fechados caíram em 73,1%, segundo o levantamento do Incor. E entre os funcionários não fumantes, a queda na contaminação pela substância foi de 48%.

"Melhorou o ambiente. Mesmo quando eu era fumante, a fumaça me incomodava", disse o médico Jaime Waldir Leonello, 62 anos, que agora só fuma "uma cigarrilha por dia", enquanto saboreava seu uísque no Ó Maria, na Rua Padre Manoel da Nóbrega, em Santo André. Gerente do estabelecimento, Geraldo Freire da Costa, 44, contou que a satisfação entre seus garçons aumentou depois da aplicação da lei. "Melhorou o ar. Os profissionais ficavam reclamando (da quantidade de fumaça)", contou.

Responsável pelo Bar Figueiras, na rua com o mesmo nome, o gerente Washington Moura, 40, também gostou do ar mais limpo no local de trabalho. "Quem vem comer ou tomar um aperitivo não tem mais o cheiro de cigarro incomodando", contou.

Já o gerente Alexandre Madeira Munhoz, 31, observou que com a proibição da fumaça, seus clientes comem mais. "Diminuiu o ganho com a bebida, mas aumentou com a comida", disse. ( Guilherme Russo) 




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