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Mostra oferece bom cinema a preço popular
Cássio Gomes Neves
Do Diário do Grande ABC
26/02/2003 | 21:10
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Nem terminou e a Mostra da Mostra Internacional de Cinema em São Bernardo já tem pelo menos um recorde e motivos para comemorar. Entre estes está o novo campeão de audiência do evento realizado ao longo dos últimos 43 dias no Teatro Cacilda Becker. A Professora de Piano, filme do austríaco Michael Haneke, inaugurou os trabalhos em janeiro e conseguiu levar às poltronas do lugar exatas 435 pessoas, divididas em três sessões. Bateu em muito o recordista anterior, O Lixo e a Fúria, documentário punk de Julien Temple que registrou 345 espectadores em janeiro de 2002, também em sessão tripla. O filme de Haneke tem apelo forte, difícil de ser ultrapassado por outro, mesmo que ainda faltem quatro dias para o encerramento da Mostra – neste fim de semana, os filmes O Einstein do Sexo e Faz de Conta que Não Estou Aqui fecham a programação.

Outra benfeitoria da Mostra da Mostra é oferecer bom cinema a um preço quase simbólico dos ingressos. São os mesmos R$ 2 de anos anteriores, uma ninharia não proporcional à qualidade da maioria das obras projetadas no Cacilda, com 394 lugares. Ou seja, é uma oportunidade na era multiplex quase tão importante quanto a gratuidade ofertada a maiores de 50 anos. “A entrada franca tem levado, em média, 12 idosos por projeção”, afirma Sérgio de Oliveira, encarregado de projetos e eventos da Prefeitura.

Os números a favor de A Professora de Piano foram destacados de um levantamento feito pela Seção de Promoção Cultural da Prefeitura até as exibições do dia 16. Não foram computados no relatório Histórias Proibidas e Gente da Sicília, os filmes da semana passada. Os dados preliminares contemplam dez longas-metragens e expõem também uma outra marca a comemorar. Pela primeira vez, na recente história da Mostra de São Bernardo, foi incluído um filme nacional. É o documentário Edifício Master, de Eduardo Coutinho, visto por 268 pessoas, que ocupa o segundo lugar entre as maiores audiências de 2003 (relação completa nesta página).

Reflexo do crescente interesse no cinema nacional? Depois das boas-vindas públicas (mais de 3 milhões de espectadores) dadas à violência pictórica de Cidade de Deus, de Fernando Meirelles e Kátia Lund, multiplicam-se os fãs da cinematografia feita no Brasil? Uma amostragem baseada em um filme só seria no mínimo arbitrariedade.

Ônibus 174, de José Padilha, deveria ter sido exibido nesta programação. Não veio por determinação da RioFilmes, a distribuidora, que dispunha de apenas quatro cópias da fita, e ainda precisaria estreá-lo em outras capitais. O jeito é aguardar a Mostra de Cinema Brasileiro na cidade, realizada em outubro, que terá Ônibus 174 mais outras obras recentes da produção nacional.

Nacional ou não, o catálogo da Mostra da Mostra atraiu até a semana retrasada um total de 2.106 espectadores e manteve a média, oscilando entre 210 e 215 pessoas por filme, do ano passado. Curioso o longa menos assistido do evento ser o argentino Botín de Guerra, de David Blaustein, um documentário que trata das cicatrizes humanas e sociais da ditadura conduzida por Videla e Galtieri nas fronteiras platinas. Atraiu apenas 151 pessoas, em plena revalorização do cinema argentino, com os recentes Nove Rainhas e O Filho da Noiva.

Mostra da Mostra Internacional de Cinema –Quinta e sexta, às 20h; sábado e domingo, às 16h e às 20h. No Teatro Cacilda Becker – praça Samuel Sabatini (Paço Municipal), São Bernardo. Tel.: 4330-3444. Ingr.: R$ 2 (grátis para maiores de 50 anos).




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