A proliferação de salas multiplex, restritas aos shoppings, inibe, de anos para cá, a saúde financeira dos tradicionais cinemas de rua. Poucos são os heróis da resistência a essa estratégia que fez vítimas no Grande ABC – Cine Tangará (Santo André) e Cine Vitória (São Caetano), por exemplo – e em São Paulo. O Cinearte, uma dessas salas-paladinas, organiza entre a noite desta sexta e a madrugada de sábado uma mostra que pretende chamar atenção para um projeto de lei, do vereador Nabil Bonduki, que isenta os cinemas de rua de impostos municipais.

Uma maratona que pega espectadores (e munícipes) pelos olhos. São quatro filmes inéditos no país, exibidos entre as 22h desta sexta-feira e as 6h do sábado, com ingressos a R$ 3. Ao fim da rave audiovisual, será oferecido um café da manhã.

Começa por Tiros em Columbine (22h). Michael Moore, diretor desse documentário, conquistou admiradores ao peitar o presidente George W. Bush na última cerimônia do Oscar, da qual seu filme saiu premiado. São já memoráveis as frases em que Bush é chamado por Moore de “presidente de ficção, eleito por um pleito de ficção e signatário de uma guerra (a invasão do Iraque) de ficção”. Quanto a Tiros em Columbine, trata da obsessão norte-americana por armas de fogo.

A seguir, o Cinearte mostra Bicicletas de Pequim (0h), de Wang Xiaoshuai, uma revisão chinesa do neo-realista Ladrões de Bicicletas, de Vittorio De Sica. O argentino Marcelo Piñeyro, com Kamchatka, pisa no mesmo terreno de Fernando Solanas e Luis Puenzo ao falar da ditadura platina. Fecha a programação A Festa Nunca Termina, filme em que Michael Winterbottom expõe a intimidade da cena roqueira de Manchester nos anos 70, de onde saíram Joy Division e Happy Mondays.