Foram registrados 20 óbitos no mês passado contra dez no mesmo período de 2018, diz Infosiga
O número de mortes no trânsito do Grande ABC em outubro dobrou em comparação com o mesmo período do ano passado. De acordo com os dados do Infosiga (Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito do Estado de São Paulo), divulgados ontem, a região contabilizou 20 vítimas fatais no mês passado contra dez em outubro de 2018.
A maior parte das vítimas (40%) é composta por pedestres e homens (95%) e mais da metade dos incidentes (55%) ocorreram aos fins de semana. No acumulado do ano, a região teve 89 mortes.
Na série histórica, desde 2015, o número de mortes oscilou ano a ano. Sociólogo e consultor em segurança do trânsito, Eduardo Biavati ponderou que a situação demonstra que as estratégias de segurança que vêm sendo colocadas em prática pelo poder público são ineficazes. “Seja o policiamento, a fiscalização, a comunicação com a população. Nitidamente, não está funcionando”, pontuou. Para o especialista, a cada queda nos dados há a celebração de vidas poupadas e, no aumento, o lamento, mas não existem medidas eficazes o bastante para promover uma tendência de queda nos indicadores. “É preciso autocrítica dos gestores e mudança nas atitudes, pesquisas prévias e posteriores à implantação de ações para avaliar a expectativa da população e os resultados”, considerou.
DPVAT
O consultor destacou que a medida provisória 904/2019, publicada em 12 de novembro, e que extingue o DPVAT (Seguro Obrigatório de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores) é “uma das coisas mais horrorosas vistas nos últimos anos”. “Se a gente analisar essas 20 mortes no trânsito do Grande ABC, quantos são de pessoas pobres? Quantas famílias tiveram na indenização (cerca de R$ 13 mil) o único recurso para aquela emergência”, questionou.
O especialista observou, ainda, que metade do recurso é destinada ao SUS (Sistema Único de Saúde) e que o fim deste imposto vai precarizar não só o atendimento de vítimas de acidentes no trânsito, como toda a estrutura do SUS. “É uma mudança que atende a uma demanda específica, de motoristas profissionais, mas que vai prejudicar todos”, concluiu.
A MP deve ser aprovada no Congresso em até 120 dias para não perder a sua validade.
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