O delegado federal Hermes Rubens Siviero Júnior, que preside o inquérito que apura se a morte do prefeito Celso Daniel teve motivação política, entrou nesta quinta-feira no apartamento do prefeito na rua Santo André, na Vila Assunção, acompanhado de três investigadores. A autorização foi dada pelo juiz Casem Mazloum, titular da 1ª Vara Criminal da Justiça Federal, que expediu o mandado. A informação de que exibiram o mandado foi dada pelo porteiro do prédio Sidnei Sala.

Porém, segundo a assessoria de imprensa do deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh (PT), a busca feita pela PF na casa do prefeito foi irregular. A assessoria informou que o deputado entrou em contato com a cúpula da PF em São Paulo por volta das 18h, quando soube da ação dos policiais federais, e teria conseguido suspender a ação. A assessoria informou ainda que o deputado se reuniu com diretores da polícia no fim da tarde e início da noite de ontem para discutir a ação. Os deputados do PT que acompanham o caso não foram avisados sobre a busca.

O que a polícia esperava encontrar no apartamento não se sabe, pois nem policiais ou secretários da administração presentes quinta-feira no local quiseram dar entrevistas. Por volta das 21h, os investigadores deixaram o prédio. Foi levada uma secretária eletrônica e um notebook (computador portátil) do apartamento.

Segundo informações de vizinhos, a polícia chegou ao local por volta das 17h. Em seguida, foi chamado um chaveiro para que pudesse abrir a porta do apartamento. Minutos depois, outro chaveiro foi chamado. Desta vez, ele trouxe uma furadeira elétrica e a polícia conseguiu entrar no apartamento. “Eu só abri a porta e fui dispensado, não vi mais nada”, afirmou o chaveiro.

A movimentação foi grande até as 21h, quando a PF deixou o local. O secretário de Combate à Violência Urbana, capitão Edson de Jesus Sardano, chegou por volta das 18h30. A namorada de Celso, Ivone Santana, também entrou no apartamento, além do ex-secretário de Governo da Prefeitura de Santo André, Gilberto Carvalho. O ex-secretário deixou o local por volta das 19h30 com um dos policiais em um dos carros da PF, e não retornou até as 21h30.

Perguntas – Segundo informações do porteiro Sidnei Sala, os policiais fizeram diversas perguntas a ele: se havia notado qualquer movimentação diferente antes ou depois do seqüestro do prefeito, ocorrido na última sexta-feira. “Eu e os vizinhos não percebemos nada de anormal”, afirmou. Sidnei disse ainda que depois do seqüestro do prefeito apenas familiares entraram no apartamento.

Logo depois da saída da polícia, permaneceram ainda no apartamento Ivone Santana e o capitão Sardano. Ao falar com o secretário pelo celular, ele informou que não daria entrevistas pois havia sido orientado pela PF a não oferecer qualquer detalhe a respeito da ação.