Gigi, uma atriz, prepara um jantar para comemorar seu aniversário, mas ninguém telefona. “Ela se sente arrasada e pensa em fazer naquela noite tudo o que não teve coragem”, diz a autora e diretora. Ao ouvir berros no apartamento vizinho, o músico João bate à porta para conferir se ela precisa de ajuda e acaba como seu prisioneiro. “Acontece de tudo lá dentro”, afirma. A história atravessa a madrugada.   

“Gigi é uma destrambelhada, o que a torna engraçada. Ela grita na janela, o amarra, bate nele, o ameaça com um revólver. João fica apavorado, faz tudo o que ela quer pois o poder está com ela”, diz a autora e diretora. Bonita e inteligente, Gigi está desempregada. João mora no interior e chega em São Paulo a fim de fazer um teste para uma orquestra. Seu casamento está em crise.   

A princípio, o espetáculo pode parecer triste, mas a autora e diretora refuta o óbvio: “É uma peça leve para quem sofre de solidão. Escrevo comédias, quero aliviar o coração das pessoas. Não escreveria para deixar o público deprimido. Esta é a minha 13ª peça montada, tenho 40 inéditas”.   

Duda acredita que a desgraça alheia é motivo suficiente para gargalhadas. “Quando alguém escorrega numa casca de banana, por exemplo, todo mundo ri. A graça está na quebra do automatismo, quando acontece aquilo que não se espera”, afirma.   

Ao escrever, Duda não dispensou o suspense. “Há uma surpresa a cada cinco minutos. As armadilhas mudam de lado a lado”, diz. Não se descarta, portanto, a possibilidade de João virar o jogo. “Não se sabe quem vai ter mais poder no final.”  

A Cigana Disse que Eu Ia Ser Feliz – Comédia. Texto e direção de Maria Duda. Com Roberto Arduin e Vanessa Machado. Neste sábado, às 21h. No Municipal de Santo André – Paço Municipal, s/nº, Santo André. Tel.: 4433-0789. Ingr.: R$ 20.