Um forte engajamento social permeia o livro. “A obra tem como foco central esse momento de depressão, de síndrome coletiva, a angústia que assola o planeta e que alguns sociólogos chamam de colapso de expectativas. É uma tentativa de alavancar um futuro de esperança para a existência humana”, afirma o autor.
Mas esse conteúdo militante não esbarra no panfletário, garante Franco. “Apesar de acreditar que não há lirismo possível distante da razão – assim como não entendo a fé distanciada da razão –, busquei um cuidado sintático grande com a devida cautela para não me distanciar do belo artístico”, diz.
A arte (O Teatro), as mazelas sociais (O Crack) e a religião (O Templo), sempre vinculados à paixão da militância humana, são alguns dos temas abordados nos poemas. O autor lança um olhar otimista sobre o homem. “É a esperança da possibilidade de construir um ser humano livre da necessidade de pequenos poderes”, afirma.
Essa visão se reflete, por exemplo, em Véspera da Flor: “No que sinto,/no que penso,/intenso procurar,/imenso sonho/qual a flor/em véspera de desabrochar./No que digo,/no que tento,/esperança interminável/de encontrar o que alivie/o latente desta dor.” Ou em Milênio Passado: “Não há nuvens entre os pesadelos./Sorrisos estranhos/apontam para a esperança./As placas imploram pelo ser humano./O sonho foi salvo/sem haver engano.”
Frei Betto assina o prefácio, intitulado A Poesia Como Flor do Espírito. O próprio Franco conta: “Pedi que ele (Frei Betto) fizesse uma leitura crítica da obra. Para o artista, há uma angústia de que alguém de renome emita um parecer, ainda que negativo. Para minha surpresa, ele enviou um presente, o prefácio”.
Paisagens do Olhar – Literatura. De Paulo Franco. Lançamento sábado, às 16h. Na Alpharrabio Livraria Espaço-Cultura – r. Eduardo Monteiro, 151, Santo André. Tel.: 4438-4358. Entrada franca.
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