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São-paulino é espancado por corintianos e entra em coma
Luciana Sereno
Do Diário do Grande ABC
11/06/2004 | 21:59
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Vinte corintianos atacaram dois torcedores são-paulinos na madrugada de quinta, em São Bernardo. O incidente ocorreu na avenida Faria Lima, no Centro, quando os dois voltavam da partida entre São Paulo e Once Caldas, no Morumbi, pela Libertadores da América. Até esta sexta à noite, o atendente de banco V.W., 17 anos, permanecia em coma induzido no Hospital Estadual Serraria, em Diadema. O seu amigo M.H., 23, levou pauladas na cabeça, costas e joelho, mas conseguiu fugir.

H. ficou quatro horas dentro de uma caçamba de entulho, até que os torcedores da Gaviões da Fiel fossem embora e ele pudesse procurar socorro. Já W. foi encontrado uma hora depois (por volta das 4h) desmaiado na rua dos Vianas. Nesta sexta à tarde, os médicos do Serraria disseram à sua família que são poucas as chances de ele sobreviver.

Segundo a polícia, um inquérito será aberto na segunda-feira. Não existem pistas de quem são os agressores.

Vestidos com o agasalho da Independente, torcida organizada do São Paulo, os rapazes desceram de um ônibus fretado, na rua João Basso, no Centro de São Bernardo, por volta das 2h30 — o jogo havia terminado pouco antes da meia-noite.

H. disse que eles preferiram seguir pela avenida Faria Lima – sentido avenida Kennedy – para pegar um ônibus com destino a Santo André, que só começaria a circular por volta das 4h. De lá, W. seguiria para o bairro Rudge Ramos (São Bernardo), onde mora com a avó, e H. para Mauá, onde mora com a mulher e o filho de 1 ano e meio. “Foi tudo de repente. Só vi o vulto e senti a paulada. Caí no chão e eles gritavam ‘aqui é Gaviões’.”

Sem olhar para trás, H. correu em disparada e em zigue-zague para fugir dos torcedores do Corinthians. Da Faria Lima, ele seguiu para uma drogaria na rua Marechal Deodoro para pedir socorro. “Minha camisa estava encharcada de sangue, mas ninguém quis me atender. Tirei a camisa, amarrei na cabeça e comecei a correr pela Marechal.”

Cerca de três quarteirões à frente, H. escondeu-se atrás de um pilar de uma agência bancária. Depois, percebendo a aproximação dos agressores, pulou o portão do banco para se esconder dentro de uma caçamba de entulho. “Eu me encolhi com a cabeça entre as pernas e fiquei ligado no movimento.” Ele disse que ouvia os passos dos torcedores pela rua do banco. H. só saiu da caçamba quando o dia amanheceu, pegou um ônibus e foi sozinho até o Hospital Nardini, em Mauá.

W. foi encontrado na rua dos Vianas pelo Corpo de Bombeiros. Levado ao Pronto-Socorro do Hospital Príncipe Humberto, depois foi transferido para Diadema, onde passou por uma cirurgia na manhã desta sexta. A família soube do ocorrido pela manhã, por intermédio de uma amiga.

Violência – "Meu conselho é que os torcedores não vistam a camisa de seus times, ou que, após os jogos, troquem de camisa, escondendo a do clube em uma mochila, por exemplo”, afirmou o promotor Fernando Capez, defensor ferrenho do término das torcidas organizadas de São Paulo.

Sobre a extinção das torcidas organizadas, o promotor afirmou que, no atual momento, não é a melhor tática para evitar brigas e mortes. “O ideal é que haja um cadastro com controle dos torcedores por parte das organizadas, e que esse cadastro seja supervisionado pelo Ministério Público e Polícia Militar. Atualmente, as organizadas, incluindo a Gaviões, estão colaborando conosco. Para extingüir uma torcida, é preciso provar que ela exista para o crime, o que é muito difícil juridicamente”, contou Capez.




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