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Crianças ficam sem fisioterapia em Santo André
Kléber Werneck
Do Diário do Grande ABC
23/05/2001 | 21:13
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Depois de suspender as cirurgias corretivas, em setembro do ano passado, a direção da Funcraf (Fundação de Estudo e Pesquisa de Deformidades Craniofaciais) anunciou na terça o fim do setor de fisioterapia do Centro de Atendimento na Vila Alzira, em Santo André. Segundo a Adaf (Associação de Portadores de Deficiências Auditivas e Fissura Lábio-Palatal), 3 mil crianças, a maioria portadora de lábio leporino, são atendidas no local e serão prejudicadas.

A Funcraf, entidade ligada à USP (Universidade de São Paulo), alega que o fechamento foi por causa do fim das cirurgias. A intenção da entidade é centralizar todo o atendimento em sua matriz, em Bauru, cidade do interior a 335 km de São Paulo.

“Sem as cirurgias, não tem sentido continuar com a fisioterapia. Os pacientes que vêm a Bauru para fazer as cirurgias não ficam para fazer fisioterapia. Eles voltam para suas cidades para continuar o tratamento”, afirmou o administrador da Funcraf, Luís Viana.

A Adaf, no entanto, contesta a versão de Viana. Segundo a presidente da entidade, Marisa Dias, um grupo de aproximadamente 40 crianças sindrômicas – que possuem a fissura e outras patologias associadas, como a paralisia cerebral e deficiência mental – têm de realizar duas sessões de fisioterapia por semana. “Elas (crianças) correm o risco de regredir no tratamento.”

Mesmo as crianças fissuradas, a maioria dos 3 mil casos atendidos em Santo André, terão dificuldades para encontrar local onde fazer a fisioterapia, segundo Marisa. Ela disse que, após realizar a cirurgia em Bauru, os pacientes completavam o tratamento com a fisioterapia. “Crianças de 130 cidades são atendidas pela Funcraf de Santo André. Os pacientes de outros munícipios que estão fora dessa área buscam recursos em outros locais, mas encontram muita dificuldade para dar continuidade. Agora teremos o mesmo problema”, disse.

Marisa afirmou que, mesmo antes de a fisioterapia ser interrompida em Santo André, muitos pais tinham dificuldades para dar prosseguimento ao tratamento devido às limitadas condições financeiras. As crianças que residem nas cidades próximas a Santo André recebiam auxílio da Adaf.

O setor de fisioterapia que foi desativado conta com vários aparelhos especializados no tratamento de portadores de lábio leporino, como barra de exercícios própria. Além disso, uma piscina auxiliava ainda a recuperação pós-cirúgica das crianças. Dois fisioterapeutas, com o apoio de estagiários, realizavam o atendimento dos pacientes.

Outro problema para a Funcraf é em relação ao local onde está instalada. A Uniban (Universidade Bandeirantes), proprietária do prédio na rua Manoel Vaz, na Vila Alzira, solicitou a devolução. O administrador da Funcraf afirmou que já está à procura de um novo local, e que a mudança não afetará o tratamento das crianças. A entidade negocia com a Prefeitura de Santo André o pagamento do aluguel.




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