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Tático da PM treina para enfrentar locais de alto risco
Javier Contreras
Do Diário do Grande ABC
10/08/2003 | 19:11
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Homens da Força Tática do 30º Batalhão da Polícia Militar fizeram um curso especial para entrar em locais de alto risco, entre eles as favelas. Os instrutores são os especialistas do COE (Comando de Operações Especiais), da capital, conhecidos pelas operações de salvamento na mata. O objetivo da polícia é evitar que os seus homens, por falta de treinamento, fiquem à mercê das quadrilhas, que têm o terreno a seu favor.

Os riscos são muitos: os criminosos se posicionam em pontos altos e estratégicos, como lajes de casas com muretas, caixas d‘água e torres de alta tensão, que dão uma visão privilegiada do caminho dos policiais. E, de buracos em muros que permitem passar o cano das armas, atiram contra os policiais sem se expor.

Noções de pré-conhecimento e mapeamento dos locais, posicionamento de frente e retaguarda, infiltração em pontos perigosos de favelas e estratégia de resgate no caso de alguém ser atingido são os principais pontos do curso, divido na teoria, simulação e prática.

Segundo o comando do COE, o treinamento começou a ser difundido em 2001, quando um grupo do pelotão foi até o Rio de Janeiro aprender as táticas com homens do Bope (Batalhão de Operações Especiais), tropa de elite carioca. “As grandes dificuldades enfrentadas pela polícia do Rio de Janeiro se proliferaram para São Paulo com a organização do crime. Também tivemos de nos adaptar a essa realidade”, disse o tenente do COE Emerson Friano.

As táticas foram desenvolvidas através de várias técnicas adaptadas do Batalhão de Forças Especiais do Exército Brasileiro e até da Swat norte-americana, em Miami. “As técnicas norte-americanas, por exemplo, eram ambientadas em uma outra realidade. Lá existem cortiços, e não favelas como as brasileiras. Então, foi um aprendizado geral e adequado tanto para favelas mais verticais quanto as de características horizontais”, disse Friano.

No Bope carioca, os treinamentos específicos começaram há aproximadamente dez anos, quando houve a morte de um policial em uma operação no complexo de favelas da Maré, zona Norte do Rio. Situação semelhante viveram os colegas de profissão do Grande ABC com o assassinato do tenente do 6º Batalhão de São Bernardo, Douglas Alfredo Silva, morto após uma emboscada na favela do Jardim Farina em outubro do ano passado. “Não que a morte do nosso colega tenha motivado nosso aprendizado, mas não há como negar que, na ocasião, o seu assassinato gerou muitas discussões entre nós. Agora, as técnicas têm de ser utilizadas de forma consciente e as operações em favelas precisam ser cautelosas, mas feitas com a firmeza de nossos objetivos no local”, disse o comandante da Força Tática do 30º Batalhão (Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra), capitão Paulo Barthasar Júnior.

Segundo os policiais que fizeram o curso (um capitão, dois tenentes, dois sargentos e nove cabos e soldados), a intenção prioritária é um avanço seguro tanto para os moradores quando para os policiais. “Sempre a população e nossos homens terão prioridade de segurança nas operações. Dependerá da situação o posicionamento e uma retração para um socorro, por exemplo. A retaguarda no apoio de um confronto com criminosos também será destacada caso necessário. Podemos dizer que as técnicas serão adaptadas segundo a situação”, afirmou o tenente João Terron.

O curso, que é requerido por várias tropas do interior, litoral e até pela Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), também será difundido para o restante da tropa da Força Tática do 30º Batalhão.




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