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Em 30 anos, creche acolheu 850 crianças
Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
11/10/2011 | 07:30
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A tarefa de acolher e reinserir crianças e adolescentes em situação de risco pessoal ou social e que não podem conviver com seus pais e parentes é mantida pelo Lar Escola Pequeno Leão há 30 anos. Nesse período, o projeto já ajudou cerca de 850 pessoas, sendo que 723 retornaram ao convívio familiar, 60 foram adotadas e 19 deixaram o local quando completaram a maioridade.

As crianças chegam até o lar, geralmente, encaminhadas pela Vara da Infância e Juventude de São Bernardo e conselhos tutelares. No local, recebem desde moradia e alimentação até aulas de reforço, atendimento psicológico e aulas de inglês e esportes. O espaço atende atualmente 47 crianças/adolescentes com idades entre 2 e 17 anos, divididos em oito casas com uma mãe social cada.

A presidente voluntária da instituição, Silvia Maria Cosini Quelhas, explica que a rotina dos moradores não foge daquela praticada nas residências tradicionais. "Procuramos preservar os vínculos familiares quando recebemos irmãos. Cada um tem de cuidar das suas coisas, frequentar a escola, comer na hora certa", exemplifica.

Para Silvia, o principal objetivo do Lar Escola Pequeno Leão está sendo cumprido: ajudar as crianças a voltar para o lar de origem. "O ideal é que as famílias sejam reestruturadas para receber essas crianças", diz.

O abrigo conta com 23 funcionários, entre eles, cozinheira, motorista, mães sociais, corpo administrativo e a diretoria, que é voluntária e tem gestão de três anos. 

DOAÇÕES
A manutenção do lar é feita por meio de convênio com a Prefeitura de São Bernardo, que repassa verbas dos governos estadual e federal, contribuição mensal dos associados, além de doações. "Infelizmente, o valor repassado pela Prefeitura custeia apenas 50% dos gastos. Além disso, a gente fica sempre com medo de não conseguir renovar no próximo ano", comenta Silvia.

Geralmente, as colaborações visam alimentos não perecíveis, como arroz e feijão, mas há carência de carne, peixe e frango, por exemplo. "Só para se ter uma ideia, são consumidos 12 litros de leite por dia, 80 pães apenas no café da manhã, cinco quilos de arroz e sete quilos de carne por refeição", diz ela.

 

Mãe social tem tarefa de educar para o mundo 

Após ter morado em abrigo de Belo Horizonte até os 16 anos, Ana Flávia Sabino, 33, enveredou pelo assistencialismo. A mineira trabalha há 11 anos como mãe social ou educadora, como prefere denominar, sendo dois anos e meio no Pequeno Leão.

A difícil tarefa de educar os adolescentes sofreu mudanças ao longo dos anos, conta Ana Flávia. "Antigamente a gente não tinha tantos benefícios, como videogame e jogos caros", compara.

Para ela, a mãe social tem a função de educar as crianças e adolescentes para o mundo. "Costumo dizer que é uma das profissões mais ingratas, porque as recompensas nem sempre aparecem em tempo de a gente ver", observa.

O trabalho pede dedicação total, já que as profissionais trabalham 24 horas por dia e têm apenas uma folga por semana, além de desapego financeiro, segundo a mãe social. "Com o salário que ganho só consigo pagar minha faculdade de Serviço Social e manter a casa que divido com uma amiga", destaca.




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