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A volta polêmica de Mylla Christie à TV
André Bernardo
Da TV Press
09/08/2004 | 23:28
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  Durante um ano, Mylla Christie não fez outra coisa se não bater à porta dos diretores da Globo. Sem atuar em novelas na emissora desde 1996, quando integrou o elenco de Quem É Você?, ela pleiteava uma chance de voltar à TV. “Se não podiam me receber hoje, voltava no dia seguinte. Eu não aceitava não como resposta”, lembra. Foi assim que conseguiu, do diretor Wolf Maya, uma discreta participação em Kubanacan, de Carlos Lombardi. Apesar de pequeno, o papel lhe rendeu outro convite, do mesmo Wolf, para fazer Eleonora, uma misteriosa estudante de Medicina em Senhora do Destino, atual novela das nove de Aguinaldo Silva. “Banquei as despesas de ponte aérea e hotel do meu bolso e não me arrependo. No fundo, nunca perdi as esperanças”.

A primeira recomendação que Mylla recebeu de Wolf Maya foi repaginar o visual. “Ele queria que a minha volta causasse impacto”. A princípio, o diretor sugeriu que Mylla adotasse um cabelo curtinho, quase careca. Mas, depois, ainda a tempo, ele mudou de idéia e optou por trocar as longas madeixas escuras, marca registrada da atriz, por cabelos curtos e louros. “Mudei o visual, mas só isso não é suficiente. Sei que tenho muito trabalho pela frente”.

Se Aguinaldo Silva for fiel à sinopse de Senhora do Destino, a personagem de Mylla promete. Isso porque Eleonora terá um discreto affair com Jennifer, interpretada por Bárbara Borges. Com pouco mais de um mês no ar, Mylla só não imagina ainda como o público reagirá ao mais novo namoro gay do horário das nove. Se ele vai aprová-lo, como aconteceu com Clara e Rafaela, personagens de Alinne Moraes e Paula Picarelli em Mulheres Apaixonadas. Ou rejeitá-lo, como no caso de Leila e Rafaela, interpretadas por Sílvia Pfeifer e Christiane Torloni em Torre de Babel. “É claro que quero que tudo dê certo. Não me agrada a idéia de morrer no meio da novela”, diz, em alusão ao trágico fim das lésbicas da novela de Sílvio de Abreu.

No momento, a atriz não parece preocupada com a polêmica que um suposto envolvimento homossexual pode suscitar. Mais que criar controvérsia em horário nobre, ela quer aproveitar a chance que recebeu de voltar às novelas para se firmar na carreira. A atriz evita até a falar de sua saída da Globo em 1998. Na ocasião, ela estava escalada para participar de Suave Veneno, do mesmo Aguinaldo Silva, mas, às vésperas de começar a gravar, foi substituída por Samara Felippo. Desde então, seu nome só voltou a aparecer nos créditos de uma novela na Record, emissora na qual ela fez Tiro e Queda, em 1998. “Trabalhar na Record foi uma experiência nova. É uma emissora que possui um longo caminho pela frente para criar sua linguagem”, acredita.

De lá para cá, Mylla só voltou a aparecer na própria Record, como apresentadora do Mylla em Forma, programa de fitness exibido de 2000 a 2001. Além disso, concluiu o curso de Jornalismo. No último ano da faculdade, recebeu um convite do diretor Ricardo Waddington para fazer Malhação. Às voltas com a monografia, optou pelos estudos. “Se eu trancasse a faculdade ali, talvez não voltasse mais”.

A atriz Mylla Christie começou na televisão ainda criança. Aos 8 anos, já contracenava com Roberto Carlos em um de seus especiais de fim de ano. Modelo, estreou como atriz em Meu Bem, Meu Mal, novela escrita por Cassiano Gabus Mendes em 1990. O sucesso mesmo só viria cinco anos depois na minissérie Engraçadinha, baseada na obra homônima de Nelson Rodrigues. Nela, Mylla interpretou a fogosa Silene, filha da personagem-título de Cláudia Raia, e protagonizou suas primeiras cenas de nudez na televisão. “Costumo dizer que a chave de tudo é a entrega. E eu me entreguei de corpo e alma àquela personagem”, lembra.

Para compor a incestuosa Silene, Mylla não se contentou em ler a obra completa do dramaturgo carioca. Ela conversou também com o crítico teatral Sábado Magaldi e o escritor Ruy Castro, autor da biografia O Anjo Pornográfico. A minissérie fez tanto sucesso que, pouco depois, Mylla aceitou o convite da Playboy para posar nua. Aos 33 anos, porém, ela descarta novo trabalho do gênero. “Hoje, eu me sentiria mais feliz posando para a Vogue do que para a Playboy”, diz.




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