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Cemitério do Pilar tem origem indígena
Camila Galvez
Do Diário do Grande ABC
09/04/2011 | 07:41
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Os ciprestes plantados no cemitério atrás da Capela do Pilar, em Ribeirão Pires, não são apenas árvores dispostas de forma aleatória: são, na verdade, lápides indígenas que servem como prova de que, antes do século 18 e da construção da igreja, ali havia uma aldeia tupi-guarani. A nova versão da origem do cemitério e do município será apresentada durante as comemorações da 75ª Festa de Nossa Senhora do Pilar.

Quem está à frente dos estudos é o mestre do violão Robson Miguel, que prefere ser chamado de historiador indígena quando o assunto é o cemitério. Ele protocolou em cartório a descoberta da origem do terreno sagrado. "Contei 17 árvores plantadas em redondéu, o que sinaliza, conforme a cultura tupi-guarani, que ali foram enterrados corpos de pajés e caciques", afirmou.

O local foi batizado como Apy Ore Reku Arandú, que em tupi quer dizer memória viva indígena. Os estudos de Robson Miguel estão sendo conduzidos juntamente com o pesquisador e professor de Literatura João Antonio Ramos.

As árvores, porém, não são a única prova de que índios andaram por essas terras por volta dos anos 1550. A forma como a Capela do Pilar foi construída dá indícios de que, no lugar ocupado por ela, antes havia a oca-mãe de uma aldeia, onde eram realizados os rituais espirituais da tribo.

"O vento bate a favor da construção, o que favorece a dispersão do odor produzido por dejetos e restos mortais, que ficavam nos fundos da aldeia, na área do cemitério", explicou Robson Miguel.

Na frente da aldeia, a rua que hoje dá acesso à capela servia de trilha de caça. Havia ainda uma terceira trilha, do outro lado da capela, utilizada pelas índias na hora do parto.

TRADIÇÃO - A descoberta fará parte dos festejos que começam no dia 1º de maio e seguem no próximo fim de semana seguinte. "Além dos shows e missas, faremos o resgate histórico do cemitério, destacando sua importância para os índios, negros e imigrantes europeus", destacou o secretário de Juventude, Esporte, Lazer, Cultura e Turismo, Luiz Gustavo Pinheiro Volpi.

Na Festa do Pilar também haverá missa com o padre José da Silva, apresentação da versão de Robson Miguel para o Hino Nacional em tupi-guarani e shows das duplas sertanejas Teodoro e Sampaio e Ricardo & Marcel.

Capela terá manutenção permanente

A situação de abandono do entorno da Capela do Pilar, em Ribeirão Pires, constatada pelo Diário no ínicio do mês passado, começou a mudar. A proximidade da 75ª Festa de Nossa Senhora do Pilar garantiu equipes para aparar a grama e fazer a manutenção geral da área.

A promessa do secretário de Juventude, Esporte, Lazer, Cultura e Turismo, Luiz Gustavo Pinheiro Volpi, é que a capela será conservada durante todo o ano. "Teremos equipes da secretaria que cuidarão exclusivamente dos patrimônios, garantindo assim que eles tenham condições de receber turistas durante todo o ano", prometeu.

A preparação para a festa inclui ainda a pintura dos degraus da escadaria de roxo, branco e verde, cores que simbolizam a crença católica. "A pintura será feita em grupos de três degraus", destacou.

Quanto às infiltrações na parede da capela, também constatadas pelo Diário, o secretário afirmou que uma empresa especializada em patrimônio deve ser constratada para resolver o problema.

A ideia do titular da Pasta é iniciar nos próximos meses o diagnóstico de todos os patrimônios tombados e em processo de tombamento da cidade, para identificar quais deles precisam passar por manutenção ou restauro. "Hoje nosso foco é a Capela do Pilar, mas esse é apenas o início, pois pretendemos transformar os pontos turísticos em local de visitação permanente", garantiu.

A Capela do Pilar é tombada pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico), do governo do Estado.




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