Serginho Groisman é um dos nomes mais lembrados quando o assunto são os jovens, público com o qual interage em programas de TV há duas décadas. Com passagens pelas TVs Gazeta, Cultura e SBT, Serginho há oito anos apresenta o Altas Horas, da Globo. Groisman também discute a situação do ensino no País na série Ação, do Canal Futura. Na mesma emissora, ele também comanda Tempos de Escola, programa no qual entrevista pessoas famosas sobre suas lembranças das salas de aula.

DIÁRIO - Qual foi a pergunta mais difícil que você já fez?

SERGINHO GROISMAN - Posso dizer sobre as mais embaraçosas que ouvi. Uma delas foi feita por um jovem para a Luiza Erundina (ex-prefeita de São Paulo). O garoto perguntou se, como prefeita, ela poderia fazer uma lei para evitar a vinda de nordestinos a São Paulo. Eu não deixei a Erundina responder. Peguei o microfone e perguntei ao mesmo jovem se ele costumava passar o Carnaval na Bahia, se ele lia autores nordestinos, enfim...

DIÁRIO - Qual a dica que você dá para os pais quando eles percebem que o filho é evasivo nas respostas?

SERGINHO - Se tornar pai e mãe não é sinal de que já se sabe tudo, mas acho que quando o filho responde de forma vaga é sinal de que está faltando conversa na casa.

DIÁRIO - Quais são o tabus dessa geração?

SERGINHO: Os tabus estão presentes em toda as faixas etárias. Ocorre que o jovem, em relação às pessoas com mais idade, tem a vantagem de poder mudar seus conceitos. Quanto mais velhas, mais as pessoas gostam de defender suas opiniões.

DIÁRIO - Qual tipo de tabu você quebrou?

SERGINHO - Mudei bastante quando saí de um colégio conservador e passei para um mais liberal. Antes, eu tinha resistências, como a de ver, por exemplo, pessoas do mesmo sexo se beijando. Passei a ser tolerante e a ouvir as pessoas. Ouvir é fundamental.

DIÁRIO - Qual o tipo de jovem que mais admira?

SERGINHO - Os que gostam da leitura, os curiosos, que buscam conhecimentos para aumentar seus repertórios.

DIÁRIO - Não admira ...

SERGINHO - O que não lê jornal, não sai da frente da TV e limita a sites de relacionamento a ação na internet.

DIÁRIO - A juventude dos anos 1970 e 1980 levantava bandeiras sociais e políticas. E agora, quais são as bandeiras desta geração?

SERGINHO - Hoje eles vivem em um mundo mais globalizado. As bandeiras são as da preservação da natureza, da sustentabilidade. Também estão sensíveis à distribuição de renda.

DIÁRIO - Hoje se tem acesso a mais informação do que no passado. Você acha que o senso crítico acompanha esse crescimento?

SERGINHO - Falta estabelecer senso crítico para assimilar as informações.

DIÁRIO - O que dizer para quem troca os livros pelo iPod?

SERGINHO - Seria bom ler ouvindo música. Sempre li fazendo outras coisas: almoçando, vendo TV...

DIÁRIO - O que dizer para os garotos que se recusam a usar a camisinha?

SERGINHO: Que eles são burros. Isso é uma besteira que poderá ter conseqüências muito trágicas em suas vidas.

DIÁRIO - O que a menina deve dizer para garotos que ignoram a camisinha?

SERGINHO - Falar ‘não'. Não tem conversa. Para as mulheres, entre as conseqüências (em referência às doenças sexualmente transmissíveis) também há a possibilidade de engravidarem.

DIÁRIO - Se você fosse um produtor musical, qual seria a trilha sonora que faria para essa geração?

SERGINHO - Seria muito eclética. Acho que seria uma trilha com referências a vários países e gêneros. Atualmente não existe mais essa diferença que se fazia antes, como a ideologia e a estética musical. A cabeça desta geração está muito mais aberta. Hoje um garoto ou garota pode ir ao show do Sepultura e no dia seguinte ao da Ivete Sangalo, sem cair em contradição.