Uma mulher de 29 anos com deficiência mental era mantida trancada sozinha numa casa de três cômodos no Jardim Sapopema, em Diadema, há quase dois anos. Daniela Fabiana Gamon se alimentava das refeições feitas por uma tia e entregues pela janela da residência. Ela não fala e usa fraldas.

Depois de a jovem ficar dois dias sem tomar banho e ter as fraldas trocadas, a vizinha Maria Aparecida Catalano, 48 anos, denunciou a situação à polícia. "É revoltante ver um ser humano tratado como animal."

Ontem, policiais civis e militares foram até o local e levaram Daniela até a UBS (Unidade Básica de Saúde) do Jardim Eldorado. Em seguida, ela seria encaminhada ao Quarteirão da Saúde. A jovem estava com as roupas sujas por conta das necessidades fisiológicas. A casa não possui qualquer condição de higiene. Fraldas usadas estavam empilhadas do lado de fora, no banheiro não havia porta, a geladeira estava desligada e o fogão, enferrujado. O mau cheiro do local é prova do abandono.

Desde que a mãe adotiva de Daniela morreu, seu irmão, o comerciante Luciano Donizete, 37 anos, é quem ‘cuida' dela. Ele diz que, pelo menos, uma vez ao dia passa na casa para dar banho na irmã, mas que nos últimos dois dias esteve "impossibilitado" de fazer isto. "Desde que minha mãe morreu, ganhei este ‘presente'. Sei que o que eu ofereço não é suficiente, mas minha mulher não quer ela com a gente." O casal tem dois filhos e mora em São Bernardo.

Daniela foi adotada ainda bebê depois de ser abandonada no hospital. A deficiência mental seria seqüela da meningite adquirida aos cinco meses. No terreno onde mora, há outras duas casas, uma da tia, a mulher de 65 anos que a alimentava, e na terceira, outro tio. Vizinhos contam que antes da mãe de Daniela morrer, a jovem tinha outra vida.

"Estava sempre bem cuidada, ia a médicos, dentistas. Até em festas aparecia", diz Maria Aparecida Catalano.Luciano Donizete será averiguado por maus-tratos. O caso foi registrado no 1º DP de Diadema. (Colaborou Gleyma Lima)