Política Titulo Editorial
Região no vermelho
Do Diário do Grande ABC
10/05/2019 | 08:22
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No futebol, torcer para a Argentina é falta grave para qualquer brasileiro. Ao longo do tempo, os vizinhos da América do Sul deixaram de ser meros adversários para se tornarem inimigos. Exageros, entretanto, não devem extrapolar o campo esportivo e passar para o chamado mundo real, que envolve questões muito mais amplas.

Fora dos gramados, a relação precisa ser outra, ao ponto de brasileiros se verem obrigados a torcer pelos argentinos. Uma vez que são eles os principais parceiros comerciais e o fato de os hermanos não estarem em boa fase afeta, e muito, a atuação de quem está deste lado da fronteira e depende das relações comerciais com a Argentina para acelerar as exportações.

A claudicância do mercado na terra do tango impacta e assusta a economia do Grande ABC. Tanto que no primeiro quadrimestre deste ano a balança comercial da região fechou no vermelho, com saldo negativo de US$ 193,35 milhões. Situação atípica, que não ocorria há pelo menos quatro anos. As vendas de empresas da região para a Argentina caíram 65,8% nos quatro primeiros meses deste ano na comparação com o mesmo período de 2018. Em termos financeiros, são US$ 491,4 milhões a menos nos cofres locais.

E o horizonte não é animador, haja vista que lá – assim como aconteceu por aqui no último ano – o clima eleitoral está aquecido, e a temperatura deve elevar-se ainda mais até outubro, quando o povo vai às urnas para escolher seu presidente, o que pressupõe pelo menos mais cinco meses de jogo lento, ou quase paralisado. Motivo mais que justificável para que a Volkswagen, uma das maiores empresas da região, pare a produção por um mês, como este Diário noticiou nesta semana. E outras gigantes, principalmente do setor automotivo, poderão seguir a mesma linha.

Para virar este jogo, especialista aponta a necessidade de o Ministério das Relações Exteriores do Brasil atuar no sentido de facilitar a aproximação com o maior número possível de nações, e não priorizar alinhamentos ideológicos.

Enquanto isso não ocorre, torcer pela Argentina, mesmo que seja no campo econômico, é o que resta. 




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