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Livro trata de traumas causados pela guerra

Em sua nova obra, Laurie Halse Anderson fala ainda de superação e dilemas da juventude

Vinícius Castelli
29/04/2019 | 07:41
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Divulgação


Algumas vezes na vida os papéis se invertem e são os filhos que se encubem de ajudar os pais em suas dificuldades. Assim também é a história da jovem Hayley, que vive com o pai, Andy, homem solteiro que é constantemente atormentado pelas horríveis lembranças que carrega após voltar da Guerra do Iraque (2003-2011).

A saga é narrada no livro A Impossível Faca da Memória (Editora Valentina, 352 páginas, R$ 44,90, em média), da autora e jornalista norte-americana Laurie Halse Anderson (Chains, Fale!), cuja carreira literária já soma 8 milhões de exemplares vendidos.

O romance aborda com cuidado a delicada relação de filha e seu pai, mas sem perder o bom humor. Hayley e Andy não formaram raízes, estão sempre mudando de residência. Até que um dia tomam rumo para a cidade onde o pai da jovem nasceu. É quando ela começa a longa caminhada de ajudá-lo a lidar com suas tormentas e matar os fantasmas associados às memórias da guerra, ao problema com drogas e aos sintomas do estresse pós-traumático.

Além de tratar da luta de ambos pela recuperação de Andy, o livro mostra a construção do amor e da importância das escolhas que fazemos na adolescência e de como elas podem reverberar pelo resto da vida.

“Nada me faz mais feliz do que acordar algumas horas antes do amanhecer e rabiscar enquanto o resto do mundo dorme. É assim que minhas manhãs começam em casa”, revela a escritora. Mas para A Impossível Faca da Memória a inspiração veio de suas memórias e vivência na família.

“O livro reflete um pouco do que passei com meu pai. Ele era um veterano da Segunda Guerra Mundial com estresse pós-traumático, cujo alcoolismo foi uma força disruptiva em nossa família por um longo tempo. Eu o amava muito e, mais do que tudo, queria que ele conseguisse ajuda. A maior parte do livro é ficção, é claro, mas o núcleo emocional vem desse relacionamento”, explica a autora.

Laurie revela que seu pai voltou a trabalhar quando ela estava na faculdade, e conseguiu moderar seu consumo de álcool. “As coisas continuaram cordiais, mas nós não nos víamos muitas vezes, uma ou duas por ano. Tivemos um relacionamento superficial, na melhor das hipóteses”, relata ela.

Há cerca de dez anos, quando percebeu que seus pais não podiam mais ficar sozinhos, os trouxe para morar perto dela, ao Norte de Nova York. “Passamos muito tempo cuidando primeiro da minha mãe, que morreu em 2009, depois do meu pai, que morreu em 2014. Em vez de ser oneroso, esses últimos tempos juntos foram uma incrível bênção. Todos nós sobrevivemos aos anos horríveis, todos nós amadurecemos. Nós fomos capazes de perdoar as escolhas tristes e aproveitar o tempo que nos restava.” 




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