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Leandro, do Art Popular revela sua competência
Leonardo Blaz
Do Diário do Grande ABC
30/01/2001 | 18:42
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O pagode romântico, que adentra o novo século em vertiginosa decadência, deu pouquíssimas contribuições à música popular brasileira. É inegável, no entanto, que alguns dos artistas que passeiam por essa seara possuem um talento maior do que o apresentado normalmente. 

Leandro Lehart, um dos maiores arrecadadores de direitos autorais do país, era o que mais amostras de competência dava, apesar de também ter contribuído para a sucateação do gênero com bobagens como Pagode da Amarelinha e Pimpolho. Tais concessões ao mercado, no entanto, se diferenciam muito de Solo (Virgin, R$ 22 em média), primeiro álbum do cantor e compositor sem a companhia do Art Popular. 

A sofisticação das canções incluídas no projeto saltam aos ouvidos. Ao se aproximar da soul music, Lehart mostrou dotes que até então não eram perceptíveis quando inseridos no universo pop-samba. Mesmo o emprego de instrumentos de cordas – uma tarefa arriscada, que normalmente resulta num tom falso chique e pasteurizado, como ocorreu com o Acústico MTV Art Popular – se mostrou uma bem-vinda iniciativa. 

Solo não é, no entanto, um disco complicado ou destinado a um público seleto. Este é um de seus maiores méritos: aliar qualidade, letras simples, nada pretensiosas, arranjos bem bolados e uma interpretação emocionada, qualidades indispensáveis em qualquer bom álbum de soul. 

O músico surpreende ao dar uma roupagem a canções que até então nada tinham a ver com o gênero no qual agora trafega. Um exemplo é Esquenta Barracão, do grupo Sheik Tosado. Nas mãos de Lehart, a música nada lembra o hardcore gravado pelos jovens pernambucanos. Mas as canções mais surpreendentes são as do cantor, como Olhos, Pensamento e Desamarrou.  

Ao mesmo tempo em que Solo é uma espécie de redenção, também é um trabalho que traz certezas (a capacidade de Lehart) e indagações (por que ele está fazendo isso apenas agora? O que esperar dos próximos trabalhos do músico como pagodeiro?). O chavão “o tempo dirá” é, por enquanto, a melhor resposta para esses enigmas.




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